HIATO
Chegara cheio de empáfia, dizendo que tinha provas, que tinha provas – e o seu dedo apontava arrogante – e os olhos eram chispas sanguinolentas de fogo que queima.
Se tinha provas que provasse logo,logo – era a voz do mediador.
E diante de uma possibilidade de réu ouviu os grilos cantarem só para si o isolado rapaz.Um rapaz escondido numa pilastra, com medo do que o êxtase revelara ao mundo, e revelara a si próprio.
Prove, prove logo...
Não tinha provas, nem ao certo sabia do que se tratava.
Conhecia apenas seu ódio particular, seu particular ódio de uma flagrante de cena.Foi arrefecendo.
Ninguém pode da r mais atenção tendo que o caso finara sem a menor explicação até mesmo para quem acusava, e então o próprio réu.
O mediador achou-se entre as entrelinhas de um esdrúxulo equívoco.
Tudo era a patavina da sorte.Então o rapaz que se escondera atrás da pilastra pode atentar-se para o cantar dos grilos, para o coaxar dos sapos e das rãs, um uivo de morcego, um pio desesperado de uma coruja.
Tudo em vão.
E ainda ofegava forte como se pronto para ir à cadafalso.O medo era a única coisa que arrefecia devagar, devagar como o tempo que se espera ansioso.
Sede? Ou era o rolar de uma pedra em uma ribanceira? Afinal o que de verdade acontecera?
Era um silêncio secreto dentro do seu silêncio de já querer dormir.
Que paz! Amanhã o sol raiaria pleno antes do dia.E nada aconteceu.Aconteceu? Fora um blefe.Jogara-se as pedras, o destino, à toa.
E era viver, isto sim era viver.Não procurar compreender.
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AUTOR RODNEY