UM CORPO NO ASFALTO.

No asfalto

Estava caído aquele corpo sem nome

Num dia qualquer no passado

Aquele corpo boiava no ventre

Um bebê inocente

Uma criança que nascera

Lá no pretérito gramatical

No tempo que não se conta na estatística

De nossas autoridades governantes

A perícia fazia o seu trabalho

A imprensa o seu

Os curiosos olhavam

Como se ali estivesse

Uma criatura que surgiu do nada

Não era um de nós sucumbindo

À barbárie metropolitana

Ninguém quer ligar o presente ao passado

Para não ser condenado

Pelo genocídio de nossas crianças

Que tanto é de uma criança que morre criança

Quanto de um adulto sem esperança

Que cresceu sem um dia ter sido uma delas.

Morreu, morreu.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 01/02/2006
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