Preposições
Preposições
• Por aquele que, mesmo aleijado, tem de passar por debaixo da catraca do ônibus.
• Pela molecada miudinha, 8, 9 anos, que peita São Paulo sem guarida, órfãos sobretudo de nenhuma opção. Como culpá-los, perante as tristes e matemáticas escolhas de amanhã?
• Pela galerinha dos 15 aos 20, safra absurdamente carente de parâmetros, afogados na maior enxurrada psico-ativa da história planetária, onde a oferta da loucura não tem um contraponto filosófico, exceto o de perpetrar mais loucura.
• Pela menina que, nos idos pré-universitários, tinha o apelido de pirata, até a noite que uma curva malfadada roubou-lhe a bela estrada. E pelo professor, que sutilmente tentava avisar, dizendo que ela havia trocado o “t” pelo “d”, antes que a tragédia acontecesse. Sua tentativa resultou numa demissão. O evento ninguém esqueceu, a lição é que não se podia denunciar o problema, e que se ontem era nebuloso, hoje sequer sabemos qual é a ponta do iceberg. Apenas aventamos.
• Pelos infindáveis seres que, num segundo de desespero, de falta de fé, de imperícia, de desatenção, sacam sua arma contra outro, criando um momento irremediável para ambos.
• Pelos eleitos, cujo único pretenso poder nada significa, além do próprio retorno de suas ações. E que ao tomarem posse, deveriam jurar solenemente o repúdio à crença absurda, de que suas responsabilidades são frontispícios sociais, e que finalmente assimilaram que tudo não passa de um emprego temporário, cujo único objetivo é servir.
• Pelo aprimoramento do tato, onde a falta nos leva a ferir sem intenção e a sofrer da mesma forma.
• Pelos que estão chegando e pelos que já foram, pois a missão de quem está aqui abrange não só as presentes mas muitas vertentes.
• Por todos que se empenham em unir sua coragem aos que assim proseiam: “eu quero aliar o meu cantar vagabundo, aqueles que velam pela alegria do mundo”.