Laís Curtulo Anadão (19/07/2004)

Escrever um texto utilizando o conhecimento, não seria o caso, é óbvio. Descrever seu “corpinho” ainda bebê utilizando o método infalível da observação, não seria o caso, é óbvio. Estes meios me fariam crer que eu ainda não havia assumido a paternidade dupla desse novo ser... havia?

Minha preocupação pouco antes do nascimento e, logo após, era saber se minha Vanessa estava bem... estava. Dores e as manhas de sempre. Seus olhos refletiam a felicidade de ter gerado aquela menina. A “tremedeira” do Dê se confundia com a “manha” da Vanessa. Quem, realmente, eu deveria acudir, naquele momento? Não, acudir não seria o verbo correto para elucidar aquele momento, não, não seria. O verbo “felicidade” seria mais adequado: eu felicidade (ainda meio sem jeito); tu felicidade (ainda meio zonza); ele felicidade (ainda meio “abobado”). Isso! Revelações e demonstrações de sentimentos múltiplos que determinam o estado em que se encontram essas “almas” renovadas. Não, eu não tinha visto minha “Nova Princesa”. O que seria, então, o não óbvio? Eu ainda não sabia, todavia sabia que algo tinha mudado na minha vida. Isso! É, o conhecimento e as observações não fariam o efeito desejado. Isso!

Aguardaria, então, o momento certo para entender o que estaria se passando nessa minha cabeça confusa. Por que tantas perguntas para assunto tão óbvio? Óbvio? A necessidade de respostas macula esse ser sem respostas. Então, a resposta estaria no dia-a-dia... isso!

À tarde – ansiedade –, pude conhecê-la. Dormia como dormem os anjos. Sonhava com as bonecas que cresceriam juntamente com a sua inocência. Teimava em não acordar, pois estava feliz com a chegada a esse mundo, ainda estranho para seus olhos. Alguns espasmos refletiam a ousadia de Morfeu. Isso! A fita cor-de-rosa esmagava sua moleira ainda mole. Sim, é melhor retirá-la antes que uma dor-de-cabeça incomode esses sonhos. Aproximei-me e pude vê-la bem de perto. Por que não chorei? Ainda não sei. A necessidade de respostas macula esse ser sem respostas. Então, a resposta estaria no dia-a-dia... isso! Chega de buscar respostas para perguntas mal questionadas. Isso!

Seus lábios vermelhos e carnudos caracterizaram que seria sensual e de personalidade fortíssima. A palavra acompanhada de argumentos bem delineados demonstrara que sabe ouvir e refletir. Isso! Por que não chorei? Ainda não sei. Então, a resposta estaria no dia-a-dia... isso!

Ainda não me acostumei com a idéia de ser pai novamente. Algo me diz que essa menina conseguirá transformar a vida desse “pobre poeta”. Como? Ainda não sei. A necessidade de respostas macula esse ser sem respostas. Então, a resposta estaria no dia-a-dia... isso! Então, que venha a felicidade!