Quero morrer asssim...
Dona Ruth Cardoso morreu, de acordo com Roberto Pompeu de Toledo, de morte que não manda aviso. Ele descreve em seu ensaio, publicada esta semana na Revista Veja: "...morreu sentada à mesa da cozinha de seu apartamento, enquanto mordiscava uma goiabada, na companhia do filho. De repente fez "Uh", como um soluço, como um arrepio vindo das entranhas e caiu desacordada para não mais se recuperar". Dona Ruth continua a me causar inveja, até na morte. É assim que idealizo a minha. De repente, não mais que de repente, que eu já estou preparada. Não que eu queira morrer, se tivesse escolha não morreria nunca. Mas esta é uma opção que eu não tenho. Nem eu, nem você. Ninguém. A menos que tomemos a decisão de quebrar as regras e interromper por vontade própria o ciclo da vida, o que espero, nunca será o meu caso. Portanto é melhor estar pronta para partir de repente do que receber aviso prévio. Mas nem isso posso escolher. Vou ter que morrer do jeito que Ela determinar. Tenho que concluir que D. Ruth foi uma mulher abençoada, tanto na vida quanto na morte. Viveu e morreu como uma dama.
Foi uma mulher simples e afável no trato com as pessoas. Ao mesmo tempo foi também uma mulher de grande cultura e conhecimento. Uma mulher que soube usar o seu saber em benefício da coletividade. Tornou-se um parâmetro: depois dela todas as outras mulheres de Presidentes passaram a ter sua atuação comparada. Mesmo as que vieram antes. Dignificou a expressão primeira dama. Que aliás, ela menosprezava.Porque não precisava de rótulos nem de títulos para ser respeitada.E, é desta forma também que eu gostaria de viver. Não como mulher de presidente, é claro. Mas com dignidade, como ela o fez. Em todos os aspectos de sua vida, durante toda a sua vida. Porque, quando eu morrer, é desta forma que gostaria de ser lembrada. Como aquela pessoa que viveu sua vida honrando o arquétipo humano. Não são todos que morrem assim. É mais fácil falar bem dos mortos do que dos vivos e por isso até parece que todos que morrem são bons. Algumas pessoas até viram santos, coitadinho, tão bonzinho, quando na verdade foram pragas dos infernos.
Dona Ruth morreu um dia depois da morte de meu irmão. A missa de 7º dia dele foi também a Missa de 7º Dia dela. Não sei quem mandou rezar, não fomos nós, mas até gostaria de ter tido essa lembrança. Meu irmão ficou em ótima companhia. Conhecendo-o como eu o conheci tenho certeza que ficou orgulhoso. Mulher inesquecível para a História, será inesquecível para nós também. Sempre lembraremos dela quando recordarmos essa triste data. E eu tenho certeza que teremos as melhores lembranças.
Dona Ruth Cardoso morreu, de acordo com Roberto Pompeu de Toledo, de morte que não manda aviso. Ele descreve em seu ensaio, publicada esta semana na Revista Veja: "...morreu sentada à mesa da cozinha de seu apartamento, enquanto mordiscava uma goiabada, na companhia do filho. De repente fez "Uh", como um soluço, como um arrepio vindo das entranhas e caiu desacordada para não mais se recuperar". Dona Ruth continua a me causar inveja, até na morte. É assim que idealizo a minha. De repente, não mais que de repente, que eu já estou preparada. Não que eu queira morrer, se tivesse escolha não morreria nunca. Mas esta é uma opção que eu não tenho. Nem eu, nem você. Ninguém. A menos que tomemos a decisão de quebrar as regras e interromper por vontade própria o ciclo da vida, o que espero, nunca será o meu caso. Portanto é melhor estar pronta para partir de repente do que receber aviso prévio. Mas nem isso posso escolher. Vou ter que morrer do jeito que Ela determinar. Tenho que concluir que D. Ruth foi uma mulher abençoada, tanto na vida quanto na morte. Viveu e morreu como uma dama.
Foi uma mulher simples e afável no trato com as pessoas. Ao mesmo tempo foi também uma mulher de grande cultura e conhecimento. Uma mulher que soube usar o seu saber em benefício da coletividade. Tornou-se um parâmetro: depois dela todas as outras mulheres de Presidentes passaram a ter sua atuação comparada. Mesmo as que vieram antes. Dignificou a expressão primeira dama. Que aliás, ela menosprezava.Porque não precisava de rótulos nem de títulos para ser respeitada.E, é desta forma também que eu gostaria de viver. Não como mulher de presidente, é claro. Mas com dignidade, como ela o fez. Em todos os aspectos de sua vida, durante toda a sua vida. Porque, quando eu morrer, é desta forma que gostaria de ser lembrada. Como aquela pessoa que viveu sua vida honrando o arquétipo humano. Não são todos que morrem assim. É mais fácil falar bem dos mortos do que dos vivos e por isso até parece que todos que morrem são bons. Algumas pessoas até viram santos, coitadinho, tão bonzinho, quando na verdade foram pragas dos infernos.
Dona Ruth morreu um dia depois da morte de meu irmão. A missa de 7º dia dele foi também a Missa de 7º Dia dela. Não sei quem mandou rezar, não fomos nós, mas até gostaria de ter tido essa lembrança. Meu irmão ficou em ótima companhia. Conhecendo-o como eu o conheci tenho certeza que ficou orgulhoso. Mulher inesquecível para a História, será inesquecível para nós também. Sempre lembraremos dela quando recordarmos essa triste data. E eu tenho certeza que teremos as melhores lembranças.