O amor e eu

Esse negócio de amor...

Certa vez uma colega pediu-me que eu (lhe) auxiliasse numa monografia sobre Fernando Pessoa. Li algumas coisas que ela me trouxe sobre os heterônimos e logo cheguei à “brilhante” conclusão: o escritor usava tal artifício como mera forma de justificar sua produção literária. Isto é, se ele revisasse/construísse o texto, atribuía-o a um intelectual fictício; se não estava a fim de ter trabalho usava recursos da oralidade e atribuía o texto a um sujeito de pouco saber, também fictício, claro.

Apesar de estar longe da genialidade do português, comumente faço isto, principalmente, em relação à temática porque gosto da escrita em primeira pessoa. O único inconveniente é que alguns desconhecem a diferença entre autor e narrador e me abordam como se eu fosse a personagem narradora. Mesmo gente esclarecida já me botou em saia-justa por causa disso. Quando estou bem, tudo bem. O problema é quando estou de ovo virado...

Hoje, desde cedo, estava desejoso de escrever uma mensagem “cabeça”. Pensei nos grandes: Alencar, Machado, Graciliano... Nada! A minha cabeça só tinha espaço para as canção brega de Fagner:

... sei que errei

e estou aqui

Pra te pedir perdão

Cabeça doida

coração na mão

Desejo pegando fogo...

Sacudi os neurônios como a dissuadir a balada rasgada que toca em todas as esquinas de Fortaleza, a Fortaleza que o político falou que é um puteiro a céu aberto.Trinquei os olhos, cerrei os ouvidos e pensei em Rachel, Clarisce...

... um grande amor não se acaba assim

Feito espumas ao vento...

Fiz a ultima tentativa. Caramba! Tenho ou não controle sobre mim? Nietzsche, Tolstoi, Dostoievski...

De uma coisa fique certa

Amor

A porta vai estar sempre aberta

Amor

Meu olhar vai dar uma festa

Amor

Na hora que você voltar...

Meio raivoso, meio complacente, vomitei um muxoxo e assumi: é de ti que estou falando, Gracinha!