AMO NERDS.

Isso mesmo, meu povo, vou escrever sobre os machos do meu Brasil varonil, ou ainda, expandindo a área de abrangência, os machos desse mundo de meu Deus. É nessa hora que você, ser heterossexual bem-resolvido pode fechar a aba do seu firefox sem culpa.

Este texto é sobre classes de homens. Classe estilo rpg mesmo. Tem o homem playboy, o estudante proletário, o estudante de jornalismo, o rock star, o estudante de faculdade particular, e por aí vai. Neste texto irei elaborar uma quase tese científica sobre a melhor classe de homem que existe: o cientista da computação.

Mas Jennifer, que moral você tem pra falar qual é a melhor classe de homem que existe? Acreditem, eu tenho alguma, pois não tenho medo.

Já viajei das profundezas de Triton a shows do Asa de Águia. Já matei dragões, ouvi hardcore e viajei de busão em viagens românticas pela madrugada. Quando eu olho para trás e reflito sobre a minha vida amorosa, geralmente esse pensamento vem seguido de um: O que raios eu tava pensando, meu Deus ?!?! A verdade é que a tia aqui não tem medo de experimentar e geralmente enjoar em dois meses e com propriedade a vós lhe digo: casarei com um cientista da computação. Dissertemos (palavra da salvação: Glória a Vós, senhor).

Cientistas da computação são caras muito legais e solicitos. E esse é o primeiro motivo para a gente gostar deles. Sempre dispostos a consertar o seu computador, eles geralmente não utilizam a superioridade em saber tecnológico como approach para te comer. Podem até pensar nisso, mas escondem bem e parece que tirar aquele vírus maldito que você pegou no orkut é um prazer para eles.

Cientistas da computação geralmente não tem ex-namoradas. Por ter uma vida social reclusa e estudar em um ambiente majoritariamente masculino, é difícil você topar com três ex-ficantes do cara quando for dançar em uma baladinha qualquer. Sem ex-namoradas (visíveis), poupamo-nos da tristeza de uma comparação.

Cientistas da computação não são bitolados como os outros homens de exatas. Apesar de viverem enfurnados na frente de suas máquinas vendo letrinhas e números estranhos, eles tem um arsenal de conhecimento nerd filosófico de impressionar. Pode apostar que o Linux deles abriga a última temporada de Lost,o CD novo do Blind Guardian e pelo menos um artigo sobre Sartre e existencialismo. Assunto é o que não falta e chega atéa ser humilhante eu, após ter tido aula de Introdução a Sociologia, Introdução a Filosofia e Antropologia Social, perder em uma discussão sobre marxismo com um cara que teve Cálculo I, II e III.

E por último, mas não menos importante, cientistas da computação são troubleshooters. Eles resolvem qualquer problema de uma maneira melhor do que você poderia imaginar. Exemplo prático: amigo oculto de natal. Neguinho tem que tirar o papelzinho 54 vezes, e tira ele mesmo, e troca de papel, e sorteia de novo, e no dia alguem fica faltando...uma putaria só! O povo da CC simplesmente inventa um programinha em dois minutos que sorteia com precisão e faz todo o serviço. Se der algum erro, sem problemas, porque o programador pode resolvê-lo. Este foi apenas um exemplo simples de como funciona a organização dos nerds. Fazendo uma visita à famosa caverna de qualquer universidade federal onde eles residem, você pode perceber todo o sistema criado pra facilitar a vida de todos. Em um quadro, eles acertam suas atividades. Todos ajudam, tudo funciona. E isso vai sendo aplicado à vida cotidiana. Cientistas da computação trabalham fazendo programas para resolver problemas e estão sempre preocupados com todas as variáveis que podem dar errado (especialmente a estupidez do usuário). Tamanha eficiência é maravilhosa!

Mas Jennie,eles tem algum defeito? Sim,com certeza. Primeiro que é difícil achar um nerd pra chamar de seu. Eles geralmente estão escondidos em lugares obscuros fazendo suas coisas o dia todo. Muitos nerds costumam inclusive dormir no CPD da universidade. E você não vai querer dar uma de maria-computador ficando lá vendo cinquenta caras programarem por horas, até mesmo porque eles não vão te notar, dada a tamanha concentração do local. O segundo defeito é que eles podem, eventualmente, trocar sua companhia pelo novo GTA. Mas pensem bem: caras normais iriam querer trocar sua companhia por cerveja e futebol, então estarás no lucro.

Quem lê este texto pode até pensar que na verdade o que eu queria mesmo era ser cientista da computação. Mas não, não é isso. Elencarei os motivos: primeiro que eu tenho uma capacidade matemática limitada. E por limitada entendam quase nula. E por quase nula entendam “ela manja tanto de cálculo quanto o Dado Dolabella manja de cantar”. Segundo por que eu jamais teria a paciência que a programação exige. Terceiro porque aquele cheiro de lan house me deixa nauseada. Veja bem que eu disse cheiro de lan house e não cheiro de nerd. Cheiro de lan house = cheiro de pseudo-meliantes viciados em Counter Strike para aprender o nome e funcionamento do armamento bélico que ele utilizará daqui a dois anos nas ruas. Nerd não usa Ferrari Black, mas dá pra conviver harmoniosamente com o cheiro de Leite de Colônia e talco Barla. Por último, bem...ah é, o amor pela medicina! Pode colocar isso também.

Não que eu odeie computadores. Pelo contrário, o amor da minha vida é um laptop HP, mas uma coisa é usar o computador contentando-se com o word, orkut, msn, te dou um dado e três ou quatro sites de agências de notícias. Outra coisa é computaçao. Neste exato momento, por exemplo, meu teclado está desconfigurado e eu estou adivinhando onde estão as teclas de acentuação porque tenho preguiça de procurar onde ajeita isso.

Passei algumas horas pensando em uma conclusão para este texto. Algo meio incentivador, estilo O Segredo, “you go, girl! Get your own geek”, mas nem consegui. Vou ali escrever um livro de auto-ajuda e ficar milionária.

Obrigada a todos os geeks que eu conheço, amigos e ex-amores, por me ensinar a jogar rpg e usar o firefox.