Ingrid Betancourt volta 'a vida
Betancourt vive.
A luta armada que proliferou na história da humanidade nos últimos duzentos anos como alternativa válida de luta pelo poder vem perdendo o seu apelo revolucionário para as novas gerações.
O que justificava a luta armada era o fato de que o poder sempre foi mantido, em muitas sociedades, pelo poder das armas, e o poder armado sempre foi utilizado como uma forma de manter os privilégios das classes dominantes e de domínio sobre as massas. Ou seja, justificava-se a frase: o poder provem da ponta dos fuzis. E, portanto, numa sociedade onde as oportunidades de evolução pessoal e social estão vedadas para as maiorias, o poder só poderia mudar de mãos mediante luta, e se os caminhos da luta política estão atravancados, sobraria, apenas, o caminho da luta armada.
Tal raciocíneo que está na base de movimentos de luta armada que proliferaram no mundo no século vinte não serve hoje para motivar novas frentes de luta, e demonstra a sua ineficácia em várias partes do mundo onde vêm sendo, infelizmente, utilizada.
Quando um exército que se diz do povo começa a seqüestrar pessoas objetivando manter a sociedade encurralada, alguma coisa não está mais funcionando como devia, e o grupo que lança mão rotineiramente desse artifício, se aproxima, perigosamente, dos bandidos e celerados que pululam na historia universal desde a era antiga em que era tão comum tal manobra para extorquir recursos, o seqüestro e pagamento de resgate. Não há ideologia possível de justificar tal barbaridade.
Hoje, Ingrid Betancourt foi libertada. Seis anos de vida perdidos na selva, na doença, na violência.
Que viva Betancourt.
PS: Um haikai para Ingrid
foi sobrevivendo
na escuridão da floresta
só com dignidade.