Sobre empalação
Sobre empalação
Félix Maier
Durante a última semana, os noticiários repetiram ad nauseam a morte cruel da índia Jaiya Xavante, que teve os órgãos sexuais perfurados e não resistiu a uma infecção generalizada, morrendo no Hospital Universitário de Brasília (HUB). O termo técnico desta forma de tortura se chama empalação ou empalamento.
Segundo noticiou o Jornal da Band, a jovem índia de 16 anos foi morta pela própria tia, Maria Imaculada Xavante, na Casa de Apoio à Saúde Indígena, localizada perto de Brasília.
Segundo o Dicionário Aurélio, empalação é "Suplício antigo, que consistia em espetar o condenado em uma estaca, pelo ânus, deixando-o assim até morrer".
Olavo de Carvalho, em seu artigo "O espírito da clandestinidade", afirma: "O requinte soviético foi que os candidatos a empalamento não foram escolhidos entre empaladores em potencial, mas entre padres e monges, para escandalizar os fiéis e fazê-los perder a confiança na religião, segundo a meta leninista de `extirpar o cristianismo da face da terra`; esfolar prisioneiros, fechá-los numa tumba junto com cadáveres em decomposição, colocá-los na ponta de uma prancha e escorregá-los lentamente para dentro de uma fornalha, encostar na sua barriga uma gaiola sem fundo, com um rato dentro, e em seguida aquecer com a chama de uma vela o traseiro do rato para que, sem saída, ele roesse o caminho no corpo da vítima - eis alguns dos processos então documentados por uma comissão de investigação dos países aliados. (...) O canal dos exilados cubanos, TV Martí, exibe semanalmente uma procissão infindável de dedos cortados, orelhas arrancadas e olhos vazados que atestam a continuidade do leninismo nas prisões políticas de Havana".
Mais conhecido como Conde Drácula, Vlad, o Empalador, nasceu na Transilvânia em 1431 e foi Governador da Valáquia, na atual Romênia. Depois de reconquistar, em 1456, o trono usurpado por um parente distante, Vlad reuniu os nobres e "seus guardas armados entraram no aposento e prenderam quinhentos nobres, deixando-os do lado de fora, onde foram empalados em estacas pontiagudas, junto com suas esposas e criados, e deixados apodrecer". (“O Livro de Ouro dos Mistérios da Antigüidade”, pg. 428 e 429).
Os romenos, porém, preferem lembrar Vlad como o patriota que lutou contra os turcos. Depois de Vlad mandar pregar turbantes à cabeça de embaixadores turcos em visita à Valáquia, o sultão formou um complô para assassinar Vlad. A trama foi descoberta e os conspiradores tiveram o tratamento comum de todos os inimigos de Vlad – a empalação. Vlad atacou os turcos, invadindo a Bulgária, massacrando dezenas de milhares de civis e fazendo grande número de prisioneiros, em 1461. No verão de 1462, os turcos entraram na Valáquia. Ante a enorme vantagem numérica do inimigo, Vlad recuou, devastando tudo por onde passava, adotando a política de "terra arrasada" para privar o inimigo de abastecimento. O Exército turco passou pela capital da Valáquia, Targoviste, que havia sido despojada e queimada por Vlad, e, numa estreita garganta, defrontaram com "uma visão terrível – uma floresta de corpos empalados apodrecendo, de cerca de vinte mil pessoas. Eram os prisioneiros feitos por Vlad no ano anterior. (...) O sultão deu a volta e iniciou a longa marcha de retorno. (...) Numa batalha final contra um exército de nobres valáquios apoiados pelos turcos, o próprio Vlad foi empalado numa lança. Os turcos deceparam-lhe a cabeça e enviaram-na ao sultão". (op. cit., pg. 432)
Fosse a morte da índia provocada por um branco, haveria um auê internacional. Porém, como foi a tia a assassina, o caso logo sairá dos noticiários e será completamente esquecido.
Afinal, não dizem os antropólogos indigenistas, que se deve respeitar os costumes dos índios, por mais cruéis que eles sejam?