Requinte
Perguntam-me se eu sei o que é requinte. Serei curto e grosso.
Estamos num restaurante caríssimo. Tudo impecável. O couvert com as arredondas e durinhas da mais pura manteiga neozelandeza, dispostas em uma concha de pura prata noventa, a salada à parte com esplendidas folhas verdejantes, ainda úmidas, de alface. Le prémier cours é peixe (quem quiser saber como foi preparado leia Pedro Vincentini) guarnecido com finas hervas e sem deixar esquecer as impecáveis azeitonas chilenas. O maître dispõe ao lado das taças uma reluzente cuia de cristal tcheco, onde serão depositados os caroços de azeitona e as espinhas.
Em meu jantar com convidados, a manteiga é servida a temperatura ideal para que a faca pegue uma porção sem esforço, acondicionada em bela manteigueira própria. O alface será lavado e escorrido até ser imperceptível qualquer umidade. Nunca será servido peixe que o convidado terá que retirar as espinhas, mesmo que haja talhares adequados para isso e o acompanhamento com azeitonas jamais conterão o caroço.
Os recipientes caros denotam bom gosto. Somente. Qualquer um pode possuí-los. Pergunto; onde o requinte aparece?