27/01
Por um momento, estive prestes a contar toda a verdade, mas as palavras ficaram mudas em minha boca. Tentei engoli-las. Deu certo, fiquei com a cara de banana de sempre. Minutos depois, o enjôo me dominou, implorando liberdade para as coitadas. Pobres palavras...Eram tão doces, eram tão sinceras. Controlei o choro e, junto a ele, o vômito.
Minutos depois, lá estava eu a chorar num ônibus qualquer, chorando como uma derrotada as lágrimas que ninguém pode ver, porque chorar significa fraqueza e eu sou forte. Sim, sou forte. Tão forte que oprimo até a mim mesma, no alto da minha truculência e brutalidade. Sinto-me tão fraca, derrotada, tão acabada, tão simplesmente esgotada de tudo...Mas ainda tenho que lutar, dar o último esforço para mostrar que posso ser o que realmente querem que eu seja, ser o que os outros não foram, satisfazer suas vontades. Ser o que todos esperam que eu seja. Por mim, tanto faz. Não tenho ambições. Não quero seguir em frente, mas também não quero parar. Quero ficar quieta, apenas isso.