TRISTE ADEUS

Vi muita gente sofrer! Com alguma experiência como enfermeiro, profissão essa digna de poucos, de solitários sentimentalistas incrédulos, em que a morbidade é uma rotina e nem sempre passageira ou menos cruel, alguns padeceram em meus braços, me imploraram por um simples afeto, por um toque de carinho, um olhar piedoso.

Muitos morreram sem dizer palavras, mas seus olhares me diziam muito. Eram olhares profundos, de clinicamente sem vida, mas uma alma que adormecia, que clamava por um melhor.

E aqueles que adormeciam? Sua respiração, muitas vezes artificial lutava por vida, pedia-me para que amparasse seu sofrimento, que o desse o melhor de mim.

Muitas vezes nada pude fazer. Longe de meu alcance estava uma cura, um milagre que pudesse diminuir a dor ou atrasar a morte.

A família insólita, sempre aos prantos com um sentimento de perda irreparável, uma falta que nada compensará.

É triste dizer adeus. Um até logo distante, incerto e paradoxo.