Deveriamos reparar 01

Crônicas de Férias, 01/07/2008

Terão de saber que esta não é uma praia quais quer, como este não fora um local comum à gente que agora nem presta para assentar nobremente em delicadezas.

De tempos a tempos um sonho mudou. De tempo a tempos, como quem ainda intenta avaliar a magnitude do que lhe foi levado.

Mas os tempos são assim, de costume mesmo impiedosos. E passear pela areia agora não tem o mesmo conforto que faz apenas 10 anos, ou mesmo vinte e tantos, tantos e tantos... Aniversario do primeiro dia em que eu a conheci.

Por aquelas eu ainda estava apaixonado por ti. E dizer eu andava a principio dum namoro, que hoje como poderia mesmo descrever: tal vez como costume.

Diz feio bem sei, mas por uma falta de imaginação se impõe o costume.

Eu gosto mesmo, e a gostar, não precisamos muito mais, além dos nossos cúmplices olhares, que gostam tanto em descansar de ânsias tão complicadas, como tentar aceder uma chama que é inverno.

Vive a praia em nós, marca o ritmo, o frescor, a caída da tarde no Pais do Vento, e no limite do verão . E as gentes nem reparam, por tem outras formas de pensar, e bem mais outros fazeres para parar-se na ilusão dum apetite aplicado ao turista. E no entanto a praia vive neles, o vento o ritmo a marcar, as marés a tombar a sina do vento, erguendo o ditado que a lua onipresente lhes traz, no seu balançar de quartos pela na noite.

Processo que nunca repara. Se consolida de forma tão natural, como a retina dos teus olhos que não posso deixar de encontrar de quando em quando como uma corda na segurança, de que ao menos contigo não fora errando caminhos a seguir, por cego.

Sei, meu bem, isso não é muito lindo, eu sei... Não era tal vez o que merecias, nem era o que nós a vinte e tantos e tantos anos, desejávamos construir... Mas ao menos é um grande símbolo de lealdade, de poder ainda muito bem outro presente a maiores nos dar, a vez que diferente da jovem grandeza aloucada e irreal, a maturidade tem tanta paciência que mesmo podemos reparar sem zangas estúpidas, o que persiste e definir ha o novo dia.

E por suposto mais, muito mais minha flor, que murcharás a meu lado quando meu talo resseco também não evite seu brilho quebrar no lontano horizonte.

Mais digo muito mais, como aprendemos em longa rota, carregado derrotas necessárias: umas regaladas pelos fados, a chuva, a pedra que interrompe o continuo; outras tanto ou mais doentias inventadas, nesta compreender, pelos nossos próprios fantasmas.

Por casualidade, esta a praia de novo, a nos contemplar como faz tanto tempo, ano traz ano nos veio visitar, sabendo de eternos combates persistentes: a inocência, a falsa vontade, o esforço que mal se conduz e tantas e tantas outras conversas que nós iniciamos com objeto de melhorar uma vida que passava, as vezes sem aproveitar, no capricho de deitar-lhe contas... que o mar vem sabia... Sabiam as ondas, o vento tal vez: a força tinham de ser erradas...