...SOBRE A POSSIBILIDADE DE IR AO ENCONTRO DA TEMPESTADE...
Eu vou sair para experimentar o gosto do céu. Meu corpo estará acima da chuva que eu sei que posso produzir. Eu gostaria de inundar alguns desertos. O deserto da minha alma e coração por exemplo, preciso deixar que alguma coisa novamente cresça por ali, e isso tem me parecido urgente. A boca está completamente seca e sedenta de vida. Eu preciso de uma tempestade com direito a trovoadas, relâmpagos e o medo natural que cerca essas situações. Eu preciso me sentir completamente vivo em outras cidades, mesmo que distante do meu lugar. Hoje o céu amanheceu limpo e brilhante na minha janela, ignorando a madrugada fria que veio me visitar. O sol que me fez fechar os olhos e ver tudo vermelho quando fui a janela, talvez para me lembrar que vou sentir falta dele quando o mundo estiver congelado a minha volta. Eu quero o luar diferente de um sonho que ainda não vivi, eu quero me jogar nos braços do amor proibido que hoje recusei por pura timidez, eu quero saber das outras línguas em contato com a minha. Eu vou contar tudo o que descobrir a respeito do meu mundo misturado aos dos outros, eu quero a vertigem da altura por estar embriagado e sem ar, eu quero ver as montanhas recortando o céu, eu quero o céu me devolvendo a menina nua, que a saudade vai ser capaz de atravessar o mar...