COISAS DA TERCEIRA IDADE

COISAS DA TERCEIRA IDADE

Aproveitar a gratuidade do transporte público é uma coisa que nem me incomoda mais.

Não, senhores! Ainda não aproveito...

Mas ficava incomodado quando o ônibus parava no ponto, subia aquele monte de velhinhos, nem tão velhinhos assim, ficavam perto da porta para descerem dois pontos à frente.

Caminhar faz bem à saúde, pensava com meus zíperes, mas estão no direito deles.

Também não me incomodo mais quando estou na fila do banco com aqueles cinqüenta outros infelizes e chega um único idoso e entra na frente porque tem um caixa preferencial.

Só fico incomodado quando percebo que é um daqueles idosos que estão trabalhando na nova categoria de “oficce-old”.

Para quem não sabe, hoje em dia as empresas contratam idosos para fazer os serviços de boys.

As vantagens são a gratuidade na condução e as filas preferenciais.

Além disso, não precisam recolher contribuições previdenciárias, recolher FGTS.

E velho não fica “xavecando” a secretária querendo levar para um baile funk.

Bem que eles tentam, mas em geral a secretária não está a fim de velho pobre.

Se ainda fosse o patrão, vá lá...

Outro dia, um fato chamou-me atenção.

Essas modernidades...

Identificação digital.

Um leve toque de seu polegar e zás...

(Lembram dessa publicidade? Os camelôs gritavam :

“Gillete Tech Monotech – Um leve toque de seu polegar e zás”...

Lá se foi seu polegar...”

Não era bem assim.

Era “sua barba fica perfeita”.

Até meu avô que não tinha barba comprou um.

Enfim, eu tive que fazer cadastro para entrar num prédio e as catracas eram desse tipo digital.

A fila travou.

A senhora colocava o dedo e nada da catraca abrir.

“Por favor, coloque o indicador direito minha senhora.”, dizia o segurança.

Depois de umas três tentativas ela se irritou e disse ao rapaz:

Olhe aqui...

Vou colocar todos os dedos que esta porcaria não destrava.

E colocou...

Não abria a catraca.

O segurança vencido liberou com seu cartão.

Não entendi e perguntei ao segurança porque não funcionara se ela tinha acabado de “gravar o dedo” no balcão.

Gentilmente, ele me respondia que depois de uma certa idade os dedos ficam gastos e não gravam direito as digitais.

A senhora tinha os dedos gastos, mas nem tanto os ouvidos e da fila do elevador, reagiu, rispidamente de primeira, já com segundas intenções – dar um bolsada no segurança:

“Quem está velha?”

Coisas da terceira idade...

Ainda chego lá.

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http://apostolosdepedro.blogspot.com

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 30/06/2008
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