Reminiscências... de um louco
Tenho certeza da minha loucura, apesar de pensar que não sou louco. Aí começa minha angústia existencial. Você pode me ajudar, só não sei como, mas sinto que pode e como pode! Meu pai também era maluco, me colocou no mundo e disse: “ande, suas pernas foram feitas para que você pudesse caminhar”.
Sempre andei pelas alamedas, nunca pelas ruelas ou vias secundárias. Na maioria das vezes caminho ao sol. Na sombra, sinto frio e medo. Minha amada é quem me leva pelas mãos é ela quem dirige os meus passos. Quando tropeço fica “brava” e diz: “levanta!”. Obedeço cegamente. Você pode pensar que sou um banana. Não sou. Sei que ela me ama de verdade, por isso me guia!
A vida oferece perigos constantes, cada qual mais cabeludo. Viver é mais do que sonhar. Alguns raramente dormem. O poeta Rumi escreveu: “Deus te joga de um sentimento ao outro e te ensina por meio dos opostos, de modo que terás duas asas para voar, e não uma”.
Como disse, sei que sou um louco e por isso mesmo acredito que o amor seja a raiz e não as hastes ou as folhas. É dele que me alimento. Muitas vezes é preciso esquecer as flores e as estações. Quando cortamos um acaju-catinga, rapidamente o tronco seca, porém suas raízes permanecem intactas. Isto quando não soltam novos caules e até frutos.
Às vezes precisamos nos abandonar por alguns instantes, ou até meses, dependendo dos nossos pecados.
Toda loucura merece respeito!