Reminiscências... de um louco

Tenho certeza da minha loucura, apesar de pensar que não sou louco. Aí começa minha angústia existencial. Você pode me ajudar, só não sei como, mas sinto que pode e como pode! Meu pai também era maluco, me colocou no mundo e disse: “ande, suas pernas foram feitas para que você pudesse caminhar”.

Sempre andei pelas alamedas, nunca pelas ruelas ou vias secundárias. Na maioria das vezes caminho ao sol. Na sombra, sinto frio e medo. Minha amada é quem me leva pelas mãos é ela quem dirige os meus passos. Quando tropeço fica “brava” e diz: “levanta!”. Obedeço cegamente. Você pode pensar que sou um banana. Não sou. Sei que ela me ama de verdade, por isso me guia!

A vida oferece perigos constantes, cada qual mais cabeludo. Viver é mais do que sonhar. Alguns raramente dormem. O poeta Rumi escreveu: “Deus te joga de um sentimento ao outro e te ensina por meio dos opostos, de modo que terás duas asas para voar, e não uma”.

Como disse, sei que sou um louco e por isso mesmo acredito que o amor seja a raiz e não as hastes ou as folhas. É dele que me alimento. Muitas vezes é preciso esquecer as flores e as estações. Quando cortamos um acaju-catinga, rapidamente o tronco seca, porém suas raízes permanecem intactas. Isto quando não soltam novos caules e até frutos.

Às vezes precisamos nos abandonar por alguns instantes, ou até meses, dependendo dos nossos pecados.

Toda loucura merece respeito!

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 30/06/2008
Reeditado em 04/10/2017
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