SONETO OU SONÂMBULA?
Sempre ouvi dizer que é muito difícil escrever sonetos. São muitas as regras, como as rimas, a métrica, o rítmo. Além disso tudo o tema deve ser conciso, inspirado. É lindo de ler, como os de Olavo Bilac, um que eu adoro, OUVIR ESTRELAS, que começa assim:"Ora (direis) ouvir estrelas..."
Sentindo que estava ouvindo o chamado das estrelas, resolvi arriscar a escrever um soneto. A idéia central era sobre a inspiração. O texto fluiu rápido e, em menos de vinte minutos ele, aparentemente, estava pronto. Mas foi aí que começou, realmente, o trabalho de colocar a inspiração dentro da expressão artística.
A ansiedade de ter conseguido executar algo inédito me fez publicá-lo sem a devida revisão. Após uma noite de sono não muito bem dormida, quando o olhava sentia que algo estava errado. Eu voltara do paraíso mas não estava em paz. Resolvi pedir socorro, pois o paraíso não nos abandona. Ele nos inspira, mas depois envia anjos, pois sabe que sozinhos não conseguríamos percorrer o caminho da realização.
Tem início a luta para colocar o poema dentro dos moldes de versos de dez sílabas. Mas são sílabas poéticas, cuja contagem tem regras especiais. Preciso tentar "engessar" o texto, mas o que parece que fica "engessado" é o meu cérebro, que não consegue mais nem reconhecer um hiato. O texto, agora no papel, está tão cheio de barras, que mais parece uma partitura, tenho a ilusão de ver colcheias e semi-colcheias.
Depois de algumas comunicações eletrônicas com o anjo (graças à internet é assim que, muitas vezes, eles se comunicam) o conjunto de estrofes que redigi pode ser chamado de soneto. Finalmente alcanço a tão almejada paz...