QUANDO O MAL É SEMEADO. (crônica-artigo)

QUANDO O MAL É SEMEADO.

De Poet ha, Abilio Machado.

Lá estão eles, um grupo de jovens encostados ao muro, outros sentados ao meio-fio, têm algumas pedras próximo, ripas de entulho da construção, várias latinhas de cervejas das mais variadas origens, um tubão corre solto às mãos, como um ritual vez ou outra um grita:

__A gente é dono desta joça!

__Viva Che!

__Por ele!- faz o gesto particular dos jovens nazistas.

Seria um lugar incomum se não fosse à frente da casa de um policial, seria com jovens indiferentes se não tivessem ali o próprio filho do policial, o filho de um agente judicial, de um filho de bombeiro e pasmado observo o filho do distribuidor de drogas da região.

Quando o mal é semeado é nesta fase de formação, onde aquele que recebe de nós, que trabalha para nós torna-se um quê à esquerda daquilo que é de seu dever exercer... E ele mesmo não cumpre as leis, faz festa com menores e os dá de beber...

Algumas motocicletas dirigidas por menores fazem pequenos rachas, de uma casa de autoridade à outra e ainda se ouvem as vozes dos pais no incentivo:

__Agora o meu ganha.

__ O teu corre como um mulherzinha.

E enquanto o leão não chega, o horário do macaco com as gracinhas continua...

Os vizinhos ligam para o posto policial, dão o endereço e minutos mais tarde, os garotos alcoolizados saem aos portões das casas com pedaços de ripas:

__Quem ligou para a polícia...

__Quem?

__Por que não sai daí sua velha doida? Quero te quebrar todinha...

__Saia daí covardão... Não é homem né? Meu pai vai te quebrar na pancada se te levar lá para baixo (delegacia).

Assim os pais ficam na frente da casa, indignados por que alguém ligou para a polícia e a polícia ligou confirmando a eles...

Os fins de semana tornam-se lavoura de menores embriagados e com os avais da omissão e ás vezes exemplos de casa à suas ações...

Um destes dias um deles entrou no muro da vizinha ao lado, esqueceu que tinha uma curva à direita, do chevete saíram três meninos, o que dirigia estava de cueca azul clara, o outro louro e magro estava nu e excitado, o terceiro ria com a cueca do segundo na cabeça...

__ Vocês dois são muito doidos... – dizia ele.

__Meu pai vai me matar... ( e ria).

O tio chegou logo depois na viatura, olhou aos meninos que haviam, no intervalo de tempo vestido suas roupas ali mesmo na rua, o homem deu um tapa na cabeça do guri e alguns palavrões...

__Bosta! E se não fosse eu de serviço?

__Ah qualé tio, o tio sempre dá um jeitinho...

__Às vezes acho que tinha que deixar você se ferrar...

__Ah... Que que eu faço?

__Por que não tirou daqui essa coisa, não sei por que seu avô te deu esse carro, dar um carro a um piá de 14 é dar uma pistola a um burro.

__Eh, burro não né tio.

__Na próxima eu coloco a culpa num desses viadinhos que andam com você no carro, fiquem espertos aí gurizada.

O menino mal se agüentava em pé e foi para casa acompanhado de perto pela viatura, logo depois a vizinha chegou, o seu muro estava no chão, apenas as marcas do que foi uma batida, cacos de parabrisa e uma fileira de entulho na direção da rua.

No outro dia de manhã.

__Vai arrumar já assim tão rápido?

__O pai do garoto vai pagar tudo.

__Mas sabia que estavam alcoolizados e ainda por cima menores?

__Sabe que é normal hoje em dia, e sempre é bom ter ‘conhecimento’ com a polícia, a gente pode precisar de repente!

Mas uma semente do mal foi plantada!!!