Tristeza da alma

Perdi a inspiração, o tempo racional traz-me sofreguidão, implicância da alma, do coração dilacerado, quer clamar mas não sabe o quê, quer gritar mas falta o tônico, as notas, a clave, não sabe compor mais a melodia.

Contraditoriamente, chora. Ao chorar traz consigo todas as notas, como se tudo fosse efeito da solidão, mesmo auxiliado por acompanhamentos, por vezes ausente de ritmo, só chora.

Não é um caso de choro triste, algumas tardes, outras noites é utópico, em devaneios, quimera, essa tal redundância, quero explicar e não sei como.

Fortalece-me o tom entristecido da minha felicidade, claro, todos os relatos me levam a crer nisto. Tudo, como se o tudo completasse, cheio de argumentos facultativos, relapso em seus preceitos, nunca ousei dizer que o queria, e nem acredito que quem o tenha seja feliz, até porque, quase sempre falta algo do concreto ou abstrato, e deixa-se de ser .

O presente tem efeitos preto e cor-de-rosa em oscilação, desmistifica, reconhece e denuncia. Não lembro de ter dito algum dia que queria fases completas, se assim fosse, não teria um pouco da sabedoria que tenho hoje, incompleta, pertinente a conselhos, reflexões de alguém que ainda busca livrar-se da insegurança, do anacronismo, da falta de memória, das respostas diretas, da ausência de erudição, da cobrança desmedida, dos significados, da história. Porém, como, se sabedoria tem um pouco de tudo isto configurado no ilimitado?!

Pairo em pensamentos desfeitos, finalizados, e tento convergir, quero um ponto em comum, e é como se tudo tivesse sido transformado, a mente de menina, tem um solo de mulher, tudo fora patenteado pela razão.

Clama coração, reage, volta à ativa dos teus sonhos, deixa fluir a tua real intenção, não precisa tanta ilusão, se ainda há faça-se emergir, o amor quase sempre é turvo, e o tudo por vezes é nada, felicidade não tem definição certa e chorar em certos momentos torna-se musica lírica à alma.