VIDA DE MENINO.
Quando agente é moleque a vida é diferente.
Moleque faz arte. Mas, não entende o vocabulário e portanto não sabe que arte é pecado.
Agente se reunina na matinha e tinha o concurso de punheta.
Ganhava quem batia mais em seqüência.
O prêmio era uma daquelas revistinhas suecas.
Era um tal de moleque com olho fundo e pernas bambas.
Depois, agente ia pro rio tomar banho,roubar manga e levar tiro de sal no rabo.
Ficava todo mundo pelado em nossa ilha de nudismo.
Era pra chegar com a roupa seca em casa com cara de coroinha.
Agente xingava o padre e rezava Ave Maria na primeira comunhão.
Chutava bola, "rancava" a unha, cortava o pé no caco de vido. O meu pai era o enfermeiro e o barbeiro da turma.
Agente "rancava" tábua do piso da ponte pra ficar olhando as calcinhas das mulheres lá debaixo, dentro da água, descascando umas.
Agente cagava no jornal e embrulhava direito, deixava no balcão do português miserável só pra ver a merda feder.
Quando tinha dois namorados roçando no muro, agente passava no meio deles e tascava o dedo na pomba da menina e saia correndo.
Quando agente é moleque tem um reino sem rei e meio que sem lei agente não sente a opressão.
Depois, agente fica recordando, entre um intervalo e outro de repouso, quando agente trabalha seis dias pros outros e tem um só pra gente, as travessuras de menino.
E nesse dia de descanso não brincamos mais...já não temos o pique. Amanhã é segunda-feira.