Na base do "só vou se você for"
Tudo de humano é tão breve que a gente deveria tirar fotografias de sentimentos e emoções e não de paisagens e pessoas.
O T-REX informa que também as pessoas são breves. Ele tem razão.
Pode todo amor desse mundo acabar? Pode, sobretudo se for entre duas pessoas. A proximidade, a cumplicidade acabam por virar opressão e dominação, se não houver o cuidado de deixar o outro ser quem ele é, respirar, pensar por si mesmo.
Casais que começam muito entusiasmados, na base do "só vou se você for" (como diria o Rei Roberto que, sim, estava certo), de repente sentem-se oprimidos pela presença constante, pela ausência de saudade. A saudade é um ingrediente que não pode faltar ao amor, sob o risco de fazê-lo não apenas definhar, mas parar de produzir.
As pessoas abrem mão muito fácil da sua liberdade na ânsia infantil de "ser sincero", de "contar tudo" para o outro, ai começa a se esvanecer o encanto que atraiu o "outro". Conheço uma mulher que, recém separada, conheceu um "gatinho" fofo e apaixonadíssimo por ela. Possivelmente no entusiasmo de vê-lo tão solícito e ciumento (quem não gosta de saber que é especial?), querendo sempre saber dela tudo, verificando que ele sempre estava pertíssimo, cometeu a tolice de ir viver junto, apenas para descobrir o ciúme, a possessividade.
O homem naturalmente destroi o que acha belo, o que admira, numa ânsia insana de dominação, num pensamento ancestral de tomar para si a força do que aniquila; os leões e os tigres que o digam e os índios, nossos avós, que eram canibais.
O que ele gostou nela, a mulher que ele amou, era livre, forte, independente, gostava de se divertir. Ele amou aquela imagem e a tomou para si. Uma vez em casa, teima em destruir a imagem que o encantou, luta contra a força que admirou.
Tenho absoluta certeza que se ela estivesse em casa, arrastando a chinela, esperando e chorando as pitangas por sua ausência, ele já a teria abandonado. Não sei qual será o desfecho por que o T-REX informa que eu não sou advinha. Concordo. Com gente tudo pode acontecer.
Faço uma campanha pela liberdade de ser e de respirar, por mais amado que se possa supor ser. Eu tenho dentro de mim um grande espaço, um Reino de Far Far Away, a terra do T-REX, ao qual só eu tenho acesso. Meu marido o odeia e é uma guerra para que ele o respeite. Brigas homéricas já rolaram, mas eu resisto. Não sou Aquiles, não tenho calcanhares de barro e já expliquei que esse espaço não pode ser invadido. Se ele quiser notícias leia o que eu posto aqui no Recanto. As coisas que escrevo saem do meu reino interior e vêm à luz através dos meus textos.
Se quiser me amar é assim, senão paciência. O amor, de todo modo, acabaria se eu não puder ser quem eu sou; e olhe que eu o amo um bocado bom.
O T-REX gargalha, discretamente.