SAO PAULO NOSSO PADROEIRO

Crônica de Pedro Galuchi

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Vixê mãezinha santa.

Mais uma santa cassada.

Logo a avó de Jesus.

As vetustas “senhoras de Santana” estão em revolta.

(Nota explicativa – As senhoras de Santana foi o nome dado a um grupo de pessoas que juntaram mais de 100 mil assinaturas contra a pornografia na TV na década de 80).

Acusam aos santos de conchavo, puro machismo.

Como pode o “convertido Saulo” tomar o lugar da santa que acumula, ainda, os cargos de Padroeira da Terceira Idade e dos marceneiros?

E, de quebra, é uma estação do Metrô.

De minha parte, estou felicíssimo.

Primeiro que tal fato alterará, sobremaneira, minha vida.

Depois nem se comemorava o dia da santa, dia 26 de julho (dia da vovó e do nascimento do meu pai) com um feriadinho.

Terceiro, como membro fundador e único da seita “Apóstolos de Pedro”, sempre defendi que Entre Rios (cidade fictícia de meu primeiro livro) se afastasse desses oportunistas invasores dos malévolos distritos vizinhos à alvissareira e promissora província de Entre Rios.

Santana era, absurdamente, a patrona, a padroeira da cidade de São Paulo.

Com todo respeito aos fervorosos defensores da santa, alguém fazia idéia que ela era a padroeira de São Paulo.

Pode uma coisa dessas?

No meu modesto e leigo modo de ver, era como o São Paulo Futebol Clube (argh!!!)...

Peraí...

Já voltei...

Fui escovar os dentes...

Era como se o timinho lá do Morumbi tivesse como padroeiro São Jorge, o magnífico e magnânimo Jorginho, o protetor incólume do Manto Sagrado.

Que se diga, de passagem, também já passou pelo dissabor de ser cassado pela Santa Madre Igreja.

Parece piada, mas diz a lenda, que o Papa Pio VI, em 1782, esqueceu-se do detalhe que a cidade chamava-se São Paulo e indicou Santa Ana para padroeira da cidade.

Antes que façam outra piada, D. Giovanni Ângelo Braschi, o Pio VI, era italiano.

O cardeal de São Paulo, D. Odilo Scherer, ainda tentou dar uma ajeitadinha na situação para não desagradar às senhoras de Santana.

Propôs que a cidade ficasse com dois padroeiros.

Ainda bem que o Vaticano, sabiamente, não permitiu.

Imaginem só o transtorno que se formaria.

Se com uma padroeira só a cidade já é uma confusão, um caos, imaginem com o casal discutindo.

Santana não iria se entender nunca com o Saulo.

Quando ele explicasse o problema do rodízio dos automóveis, ela iria perguntar o que é isso. (Nota explicativa – o bairro de Santana, por estar além Rios não tem rodízio).

Quando ele falasse da poluição do centro da cidade, ela iria responder que está perto da serra da Cantareira e também não iria compreender o problema.

Piadinhas à parte, nada mais justo para São Paulo Apóstolo, santo meio esquecido pelos católicos.

Só lembro de uma Paróquia na cidade onde ele seja o padroeiro único.

No bairro do Belém.

Também fora dos limites de minha querida Entre Rios.

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http://apostolosdepedro.blogspot.com

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 26/06/2008
Reeditado em 25/07/2008
Código do texto: T1052117
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