QUERÊNCIO e QUIRINO - Berenice Hering

Não é sugestão de nome para dupla sertaneja, mas poderia sê-lo. Se fá-lo por querê-lo, falo-e-mos todos, apesar de inquiri-lo. Aqui, como nunca se sabe quando a sedução vira sacanagem, todo cuidado é pouco. O cio da terra é-o na terra da pedofilia, exploração sexual de menores e, agora, a maior parada gay do planeta. Recordes surinâmicos e sardanapalescos de que os medíocres se orgulham.

Asturdias, não é astúrias, nem dias nas cortes arturianas, mas outro dia, na corruptela roceira. Na novela Pantanal, tremendo monumento do nosso Brasil brasileiro, agora no SBt, o personagem do Paulo Gorgulho, o José Leôncio, disse que conheceu "a vida" na corrutela, o randevu de mulheres ao longo do itinerário dos peões boiadeiros por aquelas bandas.

Pois é, outro dia vi o Programa do Jô, que raramente assisto devido ao avançado da hora. De quando em vez me aparece o distúrbio do sono. Não o que o especialista chamou de síndrome das pernas inquietas, que até o Jô, com sua inteligência brilhante, teve dificuldade em deslindar. Então, nesta vez, o Gordo entrevistava um cearense escritor, quando liguei a TV. Um historiador de nome Jeová Mendes, que escreve e sabe tudo do Velho Testamento, de Assubarnípal a Ptolomeu, de Moisés até Cristo. Todos os sanguinários déspotas e Césares da Antiguidade, ali na Ásia Menor, Mediterrâneo, terras d'África e reinos fantásticos existenciais e desaparecidos. Nem acreditei quando ouvi sobre o imperador da Assíria, o Sardanapalo, que já andei pesquisando por causa dos poemas de Augusto dos Anjos, um enciclopedista melhor e mais iluminista do que Denis Diderot. Claro que leio, admiro e amo a poesia de A. dos A., o inigualável e pioneiro modernista que usou a linguagem científico-filosófica pela primeira vez na Poética. No segundo quarteto do soneto Idealismo, 3º e 4º versos, temos o registro desta indagação definitiva:

"É o amor do sibarita e da hetaira, /De Messalina e de Sardanapalo?" Sei de cor há 30 anos... "A mão que afaga é a mesma que apedreja." Há aquelas que nunca afagam, até afogam e sempre aniqüilam, como os Skins Heads na luta de titãs contra os Punks. O mal a serviço do mal, todos se esmerando na pior parte.

Mas o Jeová Mendes, instigado pelo Jô, entrou na zoofilia e na sodomia, usuais no meio rural e que agora aparecem na TV, até nos programas vespetinos e sem censura. E a internet veicula vertiginosamente. Como um vetor especializado destila venenos e toxinas em suas vítimas. Os Trácios estão sempre no cio e traçam o que vier à frente e pordetrás. Os Trícios estão por um triz, na corda bamba igual aos sonâmbulos e malabaristas, mas também ociosos, aprontando todas, cio-samente. Tricordianos, triconodemoníacos, tridentinos, os netunianos de Poseidon, trico & treco nas badalações brasilianísticas, metrossampaulinas e guanabarigástricas.

Dizem que todos os monstros das mitologias foram criados pelos cientistas da Atlântida: o Centauro, o Minotauro, o sábio Quíron, o Unicórnio, a Esfinge. Segundo a lenda, os atlantes tinham um livre intercâmbio com os egípcios, e alguns deles estavam fora do continente, e no Egito, quando o reino submergiu. Os cientistas egípcios eram avançados mas, os de Atlântida, abusados e ousados. Como o conforto, o luxo e o mimo da Corte traziam um certo tédio, o monocórdio e o monototeísmo (como disse Nietzsche) do Poder, eles começaram a extrapolar. As mulheres doavam seus óvulos para a fertilização com sêmen de outros animais. Já seria extra-útero e in-vitro? Ou in loco, no modelito ortodoxo?

Esse mundo modernoso de agora precisa tentar resgatar o plano de vôo e a rota de navegação dos avançados atlantes.Creio que a transgressão da mutação transgenérica precisa de melhor assessoria desses ultra-avançados peritos, que já utilizavam o raio laser,aclonagem clonagem e a enxertia humanóiV. Velha, 15 de junho de 2008.