SOBRE AS PIPAS QUE FICAM NO CORAÇÃO

UMA RÁPIDA CRÔNICA SOBRE PIPAS

Marília L. Paixão

Há dias em que o tempo passa mais rápido que nosso pensamento e quando paramos para pensar ele já foi varrido, atropelado, ou tomado pelo vento. Por conta disto é necessário fazermos tempo para bons momentos, ou seremos consumidos apenas pelo trabalho, pelo cansaço, pela fadiga e outros males que o stress explica.

Em outras palavras todo ser precisa se encontrar em um daqueles momentos em que ele observa uma paisagem como se pudesse tirar dela alguma poesia mesmo ele não sendo poeta de nada. Afinal nos dias em que acordo tendo você ao meu lado eu lá precisaria fazer poesia? Eu lá precisaria lhe ofertar uma flor em copo de água ou uma ainda com o dedo sangrando lá pelo malvado espinho da roseira? Precisaria dizer que o dia é sábado e que poderíamos inventar brincadeiras?

Eu sei que mesmo não sabendo escrever nada direito com pressa ou sem pressa todo mundo tem o seu momento de amor ou de delicadeza em relação às coisas a sua volta e possuir esses momentos é o que importa. Por exemplo, desde que me sentei aqui sem tempo e me propus a escrever alguma coisa rapidamente, me veio logo em mente a moça que já me fez escrever uma de minhas crônicas mais rápidas tendo seu sorriso como pano de fundo. A Mônica Mello e sua doçura de mundo.

Mas hoje o Sérgio Lisboa com suas frases de filme também me inspirou a pensar em filmes que eu adoro muito. E muitas frases do filme "O Caçador de Pipas" não tem me abandonado. Tipo a do diálogo em que Rahim Khan diz a Baba que crianças não são livros de colorir. Assim sendo, nenhum pai pode colorir os filhos com suas cores prediletas. Estava lá ele querendo dizer que o filho não seria como ele era.

E o filme com tantas riquezas culturais e velhos valores... velhos e belos. Digo “velhos” por já quase não existirem neste novo mundo de espertezas e variedade de vilões em que vivemos. Mas o mais belo no filme é a possibilidade de resgatar estes valores. Olha quanta paisagem bonita nos traz o olhar profundo no que a história oferece. Se pensarmos bem nunca acabaram os campeonatos. Onde há show há campeões. Nem sempre quem perde é o fraco. Será que o vilões deixam o bom vencer de fato?

Estamos numa era em que precisamos arrumar tempo para apreciar as pipas. Pode até ser a pipa que mora em você. A pipa que quase ninguém vê. E ao aprender a olhar dentro de si ficará mais fácil olhar o outro. Passar também a enxergar as pipas lindas quase ao lado. Pipas de pessoas que podem nos encher de agrados. Esta é a harmonia que um busca em outro. Encontro de sorrisos que fazem bem a todos.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 25/06/2008
Reeditado em 27/06/2008
Código do texto: T1050892
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