Disputa Amigável
No início do mês participei de um concurso de uma universidade aqui de Porto Alegre. Fazia um frio intenso naquela manhã. A prova começaria às oito e meia da manhã. Cheguei lá antes das oito. Um grupo considerável de pessoas aguardava a abertura do portão do colégio militar de Porto Alegre. O vendedor de cafezinho tentava lucrar com as baixas temperaturas. Meu marido me deixou na frente da escola e foi para casa. Fiquei por ali pensando, olhando as árvores da redenção e o movimento inicial dos vendedores das barraquinhas do Brique.
Logo chegou uma concorrente minha perguntando se o portão ainda não havia sido aberto. Ora, ela estava vendo que não, perguntou somente para puxar assunto. Foi bom. Gosto de conversar, principalmente quando tenho que esperar. Batemos um papinho rápido e logo o portão se abriu. Entramos juntas e assim fomos até as nossas salas de prova. Despedimos-nos dizendo: Boa Sorte!
Não foi a primeira vez que bati altos papos com um concorrente. Em outras entrevistas e concursos já troquei até e-mails, Orkut e MSN com alguma candidata. Meu marido costuma dizer que só eu mesma para fazer amizade com alguém que está disputando comigo. Mas eu tento explicar a ele que as mulheres são mais abertas nesse sentido. Elas não costumam ver os outros como inimigos nesses casos. Sem contar que mulher adora tagarelar, seja com quem for e onde for.
Quando eu fazia cursinho pré-vestibular tinha um professor que dizia para identificarmos os concorrentes e derrubá-los da escada na saída do curso. Claro, dizia brincando, mas essas brincadeiras não deixam de expressar certa verdadezinha no que ele pensa. E é sempre assim. Sempre os homens que me dizem que concorrente é concorrente e amigo é amigo.
Mas e quando se tem amigos concorrentes ou concorrentes amigos? Eu tenho os dois tipos. E não acredito que vá fazer diferença conversar ou não com outro candidato. A minha prova é a minha prova. Ninguém a fará por mim. Eu é que preciso estudar e me garantir. Se me der mal, é culpa minha. Se me der bem, é mérito meu. Claro que existem pessoas que puxam conversa para tentar fazer o outro desistir ou sentir-se desmotivado e incapaz, mas nesse caso também basta ter a mente tranqüila e não se deixar influenciar.
A vida já é tão complicada, as pessoas têm se tornado tão fechadas, não sou eu que vou contribuir para que se criem muros entre nós. Então, caso tenha alguém de Porto Alegre e arredores lendo a minha humilde crônica, pode ser que um dia nos encontremos em uma disputa, mas não se preocupem, não vou jogar ninguém da escada, portanto podem vir até mim, vamos conversar, rir e trocar endereços de e-mail.