...O TEMPO É QUE TORNA O SONHO IMPERFEITO...

Sai o sol. Vem a lua e traz o frio junto. Ela não vem. E a fraca luz de quem está indo embora ilumina meu nome nesta noite tão imperfeita pela ausência de movimentos. Alguém há de ler o meu nome que aparece e some feito neon falho. E o dia parece estar voltando sem trazer o sono. Meus olhos já parecem enxergar o que não existe numa realidade imperfeita pela ausência de um corpo. E esse teu perfume que não desaparece, esse cheiro agridoce que seduz mesmo que a distãncia. E agridoce é o segredo que me contou tantas vezes e que guardo comigo na superfície de minha língua que aprisiona sabores. Solta meu coração de teu pensamento que ele de tanto carinho fica preguiçoso. E o tempo revira num calor estranho. Talvez alguém me ajude a suportar o calor nesta manhã tão imperfeita pelo ar que não se perde dentro de outra boca. Me deixa respirar o teu veneno que eu te deixo lamber minhas feridas invisíveis. A satisfação pode estar implícita nos atos repletos de silêncio nesta vida tão imperfeita de amores concluídos. Os pássaros denunciam que a luz logo vai se acabar outra vez, mas a noite não vai se repetir como a anterior, que dessa vez não é o meu teto que estarei olhando ao me levantar amanhã...