VIDA NA ADOLESCÊNCIA.

Escutava uma conversa entre três adolescentes que estavam brincando com um Karaokê e de repente resolveram gravar entrevistas entre elas, e uma delas perguntou para a mais velha: - o que você acha de estar vivendo seus quatorze anos? E a garota respondeu: viver quatorze anos... É interessante, mas aguarde, você chegará lá! Realmente, cada fase de vida, só sabe-se como é que é, quando alcançamos. Uns amadurecem muito cedo, outros, embora o tempo passe, jamais chegam lá. Não definem o que querem da vida, não traçam metas, e assim sendo passam sem saber em que missão veio para a escola terrena chamada vida.

Aquela conversa me arremessou de volta ao meu tempo de adolescente, que já faz um tempão... Mas para o pensamento rebuscar tais lembranças é de uma rapidez impressionante. E num piscar de olhos, eu estava revivendo minha vida adolescente – veio à tona a fase de meus onze aos dezessete anos. Aos onze anos mudei-me para a casa de uns tios, que muito bondosos me acolheram para estudar. Eram pessoas muito educadas, tinham dois filhos e não faltavam sobrinhos em sua casa, buscando apoio, principalmente educacional. Sentia a falta de meus irmãos, tendo em vista que sempre fomos muito unidos e brincávamos bastante; como irmã mais velha, ajudava nos cuidados com eles e essa separação foi dolorosa, porém necessária. Além daquela família ser muito equilibrada e organizada, tinha um carinho muito grande por mim, e tinham uma educação refinada, mas mesmo assim, sentia uma imensa falta do afeto diário de meus pais, porque sempre fui uma pessoa muito sensível e sentia necessidade de um afago, de um abraço, de uma palavra de carinho, de minha dose diária de amor dos meus pais e irmãos. Por mais que lutasse, sempre sentia essa carência. Mas mesmo assim mantive-me firme, pois já tinha em mente que aquele período logo passaria e eu voltaria ao convívio de minha família. O objetivo maior era estudar e nada me faria desistir. E se ficasse com meus pais não teria condições, então resolvi endurecer o coração para seguir em frente. Em paralelo ao estudo comecei a trabalhar numa pequena casa comercial de um parente, com a finalidade de adquirir recursos para ajudar aos meus pais e irmãos menores, porque atravessavam naquele momento sérias dificuldades financeiras, e qualquer ajuda era significativa. Trabalho esse, que embora simples, foi de grande valia e aprendizagem em minha vida, a partir daí fui alicerçando meus sonhos - estudando, incentivando aos meus irmãos a também estudar, porque não havia alternativa, só com estudo/conhecimento é que conseguiríamos vencer, pelo menos as coisas básicas. Não me interessava outros meios, felizmente. Queria ultrapassar os obstáculos, mas através de meus próprios esforços, não por orgulho, mas por dignidade. Trabalhava, estudava e sonhava muito. Sempre na crença que o sonho é o que nos anima, que nos faz agir. Adorava ler, mas não tinha muitos livros; lembro-me que conheci uma senhora, que gostava muito de romance, e sempre me emprestava alguns. Era minha biblioteca particular. A noite era meu passatempo predileto, me deleitava com aquela leitura. Aí cada vez mais, meus sonhos douravam. Revestia-me das personagens – sorria, chorava, deixava-me conduzir pela emoção. E como toda jovem, de vez em quando surgia uma paixão platônica, as mais inusitadas possíveis. Às vezes levava algum tempo para descartá-las, mas quando passava e caia na real, recomeçava a pensar em encontrar no futuro, um “príncipe encantado”, para compensar todo o tempo de solidão. Montava castelos, imaginava cenas, formulava palavras... Via que ainda não era o tempo ideal, ou talvez não tivesse aparecido alguém para arrebatar-me numa louca paixão. Não queria e nem podia desviar-me de meus propósitos, precisava continuar estudando e buscando melhores oportunidades no mercado de trabalho. E assim o fiz. Faria tudo novamente se assim fosse preciso. Ocupei minha juventude com coisas úteis e hoje agradeço com toda a minha alma aqueles que contribuíram direta ou indiretamente em minha formação como pessoa e como profissional. Não conquistei nada grandioso, mas o suficiente para caminhar com simplicidade e dignidade nessa jornada terrena.

E vem novamente a pergunta: o que você acha de estar vivendo seus quatorze anos? E eu responderia se fosse aquela garota: Acho que é uma idade linda, cheia de sonhos, disposição, informações e de oportunidades para aqueles que verdadeiramente buscam através do conhecimento e educação – uma profissão, uma família, enfim uma vida digna baseada no amor de Deus. Esse é nosso dever como criatura que busca o caminho evolutivo.

Cellyme
Enviado por Cellyme em 23/06/2008
Código do texto: T1048122
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