Jack.
Jack não conseguia acordar de seu pesadelo. Era surreal, mas ele sabia quem era a pessoa presente. Uma pequena garotinha com o cabelo loiro estava à sua direta. Jack viu que escorria lágrimas de seus olhos. Ela olhava-o com medo e desespero e mesmo assim ele não reconheceu seu rosto. Sacudiu-a e estapeou-a mas nada aconteceu. De repente começou a sentir que estava sendo sufocado. Sentia como se uma fumaça entrasse em seus pulmões fazendo-o parar de respirar. Lembrou-se quem era a tal garotinha. Era Jenine. Uma menina de seis anos que foi assassinada antes de pegarem Jack e mandá-lo para prisão. Mas para Jack ela não foi apenas assassinada. Quando viu Jenine entrando em uma loja com a mãe, ele ficou extasiado ao ver quão bela era aquela garotinha. Pulou para outra lembrança de quando ainda era criança e morava com seu pai. Ficava na varanda todos os dias apenas esperando o tempo passar. Sempre completamente imóvel. Mas algo certa vez chamou sua atenção. Havia uma garotinha loira que passava sempre no mesmo horário, todos os dias, em frente sua casa. Esse era o único prazer de Jack. Olhar aquela criatura angelical passar em sua frente todos os dias. Depois entrava em sua casa e recebia o mesmo tratamento carinhoso de seus pai e os amigos dele. Seu pai tirava sua roupa, pegava o dinheiro com seus “amigos”, e deixava o pobre Jack na mão de cinco homens. Todos gostavam de fazer coisas diferentes com Jack. Alguns gostavam de vê-lo chorar amarrando seu corpo magro e fraco contra a cama. Usavam cigarros como forma de tortura mais freqüente porque, além de queimar bastante, podia durar por muito tempo. Assim como os gritos de dor saindo do quarto todos vindos de Jack. Quando tudo acabava Jack era levantado pelos braços e mesmo muito fraco era forçado a andar até a sala outra vez. A única coisa que se lembra de seu pai dizer era “Estar sempre limpo para as visitas é prioridade!”. Subitamente encontrou-se no quarto de sua casa com a arma de seu pai em mãos. Conseguiu ver a expressão de medo de seu pai fazendo com que Jack sentisse prazer ao ver tudo aquilo. Descarregou todo o pente no corpo de seu pai que estava na cama deixando o quarto todo ensangüentado. Jack havia virado alguém sem remorso. Sem amor e carinho ele ficou independente de uma forma muito doentia. Quando tudo se passou Jack foi para outra cena. Encontrou-se frente a frente com Jenine. Sentiu uma lágrima escorrendo de seu próprio rosto. Dessa vez era algo verdadeiro. Uma espécie de pedido de perdão que não foi correspondido. Quando Jack raptou Jenine, ele já sabia exatamente como ela iria morrer. Queria que ela fosse para algum plano espiritual onde as pessoas não sofressem mais. Não tivessem fome ou medo. Dor e triteza. Era cruel e não tinha consciência disso. Levou a menina para uma geleira bem longe da cidade e cavou um buraco até achar água líquida. Pegou o corpo nu e indefeso de Jenine amarrando contra ele várias pedras. Depois, ficou apenas admirando enquanto ela se debatia e afundava naquelas águas frias de inverno. Estava em seu estado mais natural. Simplesmente imóvel. Olhando e quase contemplando aquela imagem. Jack queria acordar mais do que nunca. Não podia. Estava preso aos seus eternos pesadelos. Estava condenado a sofrer sempre que tivesse algum sonho. Jack estava apenas querendo o bem de Jenine