BEM PERTINHO DO CÉU

Assim que descíamos a serra eu já as avistei, embora a neblina estivesse extremamente pesada.

Chamaram-me a atenção pela proximidade entre si, e mais uma vez ratificaram-me a sensação que tenho, que na natureza, as espécies raramente estão sozinhas.

Eram o cartão de visita da pequena cidade.

Talvez por eu estar lá em cima, vindo do alto da serra em direção a última parada daquele trem, não percebi que eram tão esguias e que entrelaçavam as mãos.

Observem, quando andamos pelas estradas dos interiores do Brasil, os lugarejos quase sempre se identificam ou por suas caixas d'água, ou pelas torres das suas igrejinhas seculares.

Mas ali a Natureza havia preservado o seu cartão de visitas.

E elas bem juntinhas, de fato pareciam de mãos dadas, imponentes mas humildes, e emboras ainda distantes, lá do alto da Serra já recepcionavam aos turistas.

Saltei na plataforma do trem, e iniciei minha caminhada.

Quanto mais delas me aproximava, mais altaneiras ficavam.

Impressionante, pensei! Como são altas!

Ninguém soube me precisar a sua idade, porém, pela altura que alcançavam, devem ser seculares.

Dominam a perspectiva impecável da arquitetura de Deus, pois para onde eu olhava, melhor as enxergava.

De súbito parei sob elas, e num ato de reverência elevei os olhos bem alto, a fazer uma oração, e a imaginar que o Sagrado estivesse ali- bem pertinho do céu-a proteger a bela cidadezinha...

A brisa soprou a esvaecer algumas nuvens,e ambas se balouçaram sobre nós, iluminadas por um sol morno.

Continuei minha caminhada em silêncio, trazendo nos sonhos o exemplo de união das duas Palmeiras gemelares de Morretes.