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O SORRISO NEM SEMPRE ESPELHA A FELICIDADE!

 

Onde está a verdadeira felicidade? Na ilusão, gerada, equivocadamente, em nossa mente e coração? No amor que encontramos e com o qual convivemos - entre idas e vindas - por tanto tempo, que até nos esquecemos quando tudo começou? No sorriso falso, estampado em nosso rosto, que a todos engana – por vezes, e não raramente – até mesmo a nós, conferindo-nos um crédito de confiança em nossa felicidade? Nas memórias embaçadas pelo tempo, de um passado tão remoto que nos faz duvidarmos termos feito parte dele? Tão longínquo e impossível quanto aquela verdade que ocultamos. Não há quem possa ver um sorriso e penetrar a alma de quem sorri. Não se conhece, verdadeiramente alguém, através de seu sorriso! É fácil admirar um sorriso... difícil é enxergar a alma!

 

Ah! A Felicidade! Já busquei-a em minha infância bem vivida, escalando as mangueiras  e amoreiras do imenso quintal de minha velha casa. Naquela velha bicicleta, na qual aprendi, a andar, escondida de meu pai – “Que meninas não andam de bicicleta, podem perder a virgindade”. Hum!

Me ralava toda com os tombos, levantava, tentava novamente e apanhava, de cinta, a cada tentativa. Sempre fui persistente e contraditória.

 

Tentei encontrar a felicidade em minha adolescência conturbada, cheia de sonhos não realizados, no primeiro namorado, no primeiro beijo. Naquelas noites em que eu fugia, pulando a janela de meu quarto, para ir aos bailes da escola, escondida de meu pai! – “Moça direita não freqüenta bailes, antro de perdição”! Foi em vão! Ela não estava lá.

 

E, quando me vi dona de meu destino, dependente de mim mesma, em uma cidade imensa e desconhecida, pensei tê-la encontrado. Em minhas metamorfoses constantes. Dias de tristeza, ligava o antigo som e ouvia música romântica – Jovem Guarda, Johnny Rivers e tantos outros da época. Lembro-me das noites passadas em claro, deitada no tapete da sala de um minúsculo apartamento, no centro da cidade – que dividia com mais duas amigas – Verinha e eu, ouvindo Chico e Bethânia, tomando vinho tinto e jogando conversa fora. Momentos felizes! Mas, não era a tal felicidade, que sempre me escapava por entre os dedos.

 

Ainda hoje, mulher feita, pés no chão (será?), mudança total de valores e modo de ver a vida, tentar compreendê-la e aos seus mistérios, questiono-me, a todo momento, se a ilusão de haver encontrado uma paixão, é a verdadeira felicidade. As experiências vividas (mal), fizeram-me acreditar que não.


As pessoas têm suas diferenças individuais, rotinas e sistemas, que tornam quase impossível qualquer aproximação mais intensa, de corpo,  de alma e coração. As paixões necessitam de uma força propulsora,  tratamento intensivo, para se mantenha a chama acesa.

 

De nada adianta ficarmos mudando de posição, de lá para cá, nessa dança incontrolável, em busca da felicidade. É como quando estamos dirigindo, no tráfego pesado, e mudamos de pista, imaginando que esta flui mais rapidamente do que aquela em que estávamos. Ledo engano! Impaciência!

 

Quando os pensamentos destoam da realidade, 
a verdade se sobressai.