CHURRASCO MAL PASSADO E FEIJOADA INCOMPLETA DÁ...

(cronica de Pedro Galuchi)

Nota do autor – Pouco crível esta tremenda inconcidência...

Mas aconteceu... Metade comigo...

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O que fazer quando o churrasco fica assim, digamos, meio mal passado e feijoada incompleta e não temos possibilidade de remediar?

Foi assim:

Está certo então, sábado, depois das duas, churrasco e feijoada.

Preparei o espírito.

Jejuei na sexta-feira para poder entrar nas calças na segunda, depois da sopinha no domingo.

Já cheguei as três para não dar uma de esfomeado, nem ter que ajudar em qualquer preparativo, que detesto cheiro de carvão e gordura.

Churrasco é churrasco!

Não tem segredo.

Carne, carvão, sal e pronto.

Feijoada é um pouco mais complicada, mas também não é bicho de sete cabeças.

Cozinhar o arroz, o black bean, a lingüiça e outros ingredientes.

Assim deveria ter acontecido.

Chegamos aos locais e...

Viva!

Havia caipirinha.

Pena que nenhum de nós dois possamos beber.

Coisas da idade.

E tomem caipirinha.

Tinha cerveja também.

Vocês sabem, o álcool é energético, de baixa energia, mas é.

O pessoal que se energizou, foi ficando alegrinho, contando piadas inoportunas, alguns se tornando inconvenientes – sempre têm - e nada da feijoada aqui, nem do churrasco acolá aparecerem.

Particularmente, eu já estava vendo pedacinhos de torresmo e paios voando, maminhas saltando e quase chamando pé de porco de meu bem.

Acho que dei umas duas mordidas no ar.

Arrependi-me, lembrando-me daquela banana que ficara triste sobre a pia, olhando meigamente para mim e perguntando: ”Não vai me comer hoje?”.

Estava quase entrando em greve de fome.

Mais um pouquinho dava para fazer exame de sangue, se ainda houvesse.

Quando deram cinco horas e nada da comida, não agüentei.

Dei uma desculpa “amarela”, que devia ser minha real aparência, e me mandei.

Casualmente, encontrei-me com a outra metade da história.

A que não havia comido a feijoada.

Exclusive, como diria a Pininha, comentou que tudo bem que a couve era mineira, mas não poderia demorar tanto assim e atrasar a feijoada.

Morta quem nos matava, rimos muito pela semelhança das situações.

Devemos ter ocasionado prejuízo ao dono do rodízio de pizza.

Mas não é uma delícia uma massa mal cozida, mussarela de segunda, azeitona fria, a gordura da calabresa?

Como disseram Vinicius de Moraes e Carlos Lyra na musica “Pau de Arara”, com a qual Ary Toledo fez grande sucesso: “No dia seguinte, a gente devolve tudinho, mas enquanto está ali dentro bem quietinho, que felicidade”!

Esse é o grande segredo de um bom prato.

A fome.

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http://apostolosdepedro.blogspot.com

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 22/06/2008
Reeditado em 23/06/2008
Código do texto: T1046104
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