Profissão: Jornalista (quase)
O jornalismo cruzou a minha vida quando eu ainda tinha dez anos. Até então meu sonho maior era ser aeromoça ou continuar a profissão da família, ser juíza igual as minhas tias. Na época, estava tendo uma espécie de 'olimpíada' de poesia e minha professora disse que eu deveria me inscrever. Fiz e ganhei de cara o prêmio estadual (pra minha surpresa). Os anos se passaram e eu continuei alimentando essa minha paixão pela escrita, literatura e afins.
Achava o máximo ver meu único tio jornalista andando pelas ruas entrevistando as pessoas, indo aos extremos da cidade com uma máquina fotográfica pendurada no pescoço, ver que ele podia até esquecer a carteira em casa, mas nunca o bloco de papel e a caneta. Cansei de me levantar de madrugada só para ficar observando meu tio escrever madrugadas adentro para as colunas de jornal. Tudo isso parecia que chamava pelo meu nome e é o que me move até hoje.
Quando me perguntam em que área do jornalismo eu quero atuar eu fico pensando que deve ser legal ser uma Fátima Bernardes da vida e ficar apresentando o Jornal Nacional ao lado do marido. Mas eu não quero isso pra mim. Ainda bem que o jornalismo é realmente completo. Eu vejo um monte de gente na faculdade dando a vida(e algumas coisas a mais, ops! deixa pra lá..) pra aparecer em uma matéria. Aquele de-ses-pe-ro pra gravar uma passagem. O curso se tornou só mais uma chance de aparecer pra muita gente ali. Jornalismo não é isso, minha gente.
Jornalista de verdade consegue trabalhar sob pressão do chefe, do relógio e da população. É uma profissão arriscada, pois não se tem o direito de errar. Às vezes é preciso perder sábados e domingos pra cobrir uma matéria. É ter que fazer o que meu tio faz, 'perder' algumas noites de sono pra que no domingo as pessoas possam ter acesso não só a uma notícia crua, mas a uma notícia com senso crítico e mais humana. É abrir os olhos da população e muitos nem perceberem. É Buscar detalhes que ninguém vê e relembrar o que ninguém lembra. Não digo que querer 'aparecer', ser notado e tudo mais é errado, pois hoje já entendo que isso faz parte da vida de algumas pessoas, é alguma coisa relacionada com a personalidade ou com eventos passados da vida. Mas querer aparecer mais do que a notícia é sinal que alguma coisa tá errada, certo? Mas como eu já disse, não quero isso pra mim. Não quero ser o rostinho bonitinho dando boa noite pro Brasil. Quero ser a que teve idéias brilhantes por trás de tudo aquilo.
Eu não sei se posso chamar o jornalismo de destino ou profissão. No que se diz a respeito, as duas opções significam a mesma coisa pra mim.