Super 40

Todas as manhãs são interessantes, pois representam um recomeço.Especialmente essa, em que fui convidada na última hora para participar de uma corrida de revezamento em Interlagos. Assim que cheguei ao autódromo, deparei com uma subida inimaginável para quem assiste corrida de fórmula 1 pela TV

Apesar de não se ouvir o ronco dos motores, o borborinho era grande. Atletas profissionais e semi-profissionais ao lado de pessoas com pouco treino como eu. "Ainda bem que são só 4Km" pensei, sem ter certeza do que me esperava. O desafio estava lançado, mas o que importa é romper barreiras, não necessariamente as das marcas do cronômetro, mas as da ousadia de experimentar o inusitado.

Chega a minha hora de largar, sou uma das primeiras, privilégio que me foi concedido para não correr com sol a pino. Saio com tudo, cruzo com corredores profissionais, me espanto com suas passadas. Mas o atleta experiente respeita o iniciante e eles me ultrapassam com suavidade. Percebo que todos estão dando o seu melhor. Enquanto meus pés marcam o ritmo no solo, minha imaginação viaja solta, como que em outra dimensão, fazendo com que o caminho pareça mais suave.

Logo encontro a tão temível subida. Incontestavelmente íngreme. Não tenho outra alternativa: ando. Sou forçada a perceber pelas leis da física, que a beleza está na coragem de enfrentar os limites, mesmo que esses sejam míseros 8 Km/h.

Finalmente chego e sou recebida com comemoração. Afinal, todos fazemos parte do espetáculo. Outro corredor da minha equipe parte rumo a sua conquista. Enquanto tento me alongar e recuperar o fôlego, percebo como foi bom saborear o desafio, enfrentar o que parecia impossível. Quanto respeito,consideração, superação e coragem vivenciei naquela pista.

A equipe campeã recebeu seu prêmio em dinheiro, mas todos fomos vencedores. Eu, já na meia idade, pude me sentir super...Cada um existe em uma velocidade, mas interage com o outro e é sempre recebido por amigos na chegada, onde já sonha com sua nova largada...