Maconha, cocaína, heroína, LSD, ecstasy, cigarro e álcool devem ser invenções do capeta. Ninguém me enfiou um cigarro na boca, mas achei bonito ver os artistas de cinema fumando, gostei dos cigarrinhos de chocolate que vendiam na década de 70, e achei lindo ver as meninas do Curso Normal fumando escondido no Colégio Estadual. Em virtude disso tudo, meus pulmões são sócios da Souza Cruz até hoje, e o azar é só meu.
Lícitas ou ilícitas entendo que as segundas são piores que as primeiras porque têm por trás de si a figura nociva do traficante. Quer uma coisa mais perversa do que o sujeito oferecer droga para alguém, viciar a pessoa e depois obrigá-la a se lascar para sustentar o vício?
Por falar em entorpecentes e vícios, os parágrafos a seguir versarão sobre pessoas que já viveram uma vida de droga e em 2005 foram “injetadas” com algo capaz de alucinar qualquer pobre. Refiro-me aos professores da rede pública estadual. Na condição de docente aposentada fui testemunha de muitos desatinos e sofrimentos passados pelos docentes dessa segmento de ensino.
Os melhores anos de suas vidas foram drogas porque houve governantes que atrasaram os salários, que não deram reajustes dignos, e foram muito vis com o magistério. Para ilustrar a meleca de vida que essa classe trabalhadora já teve, relatarei apenas dois trechos da pesquisa que fiz, durante a elaboração de minha dissertação de mestrado, nos preciosos livros de coletâneas anuais do jornal O Pioneiro, bem como em documentos coletados junto ao Sindiupes- Sindicato dos Professores do Espírito Santo-, sobre as greves dos docentes em Linhares ocorridas entre 1979 e 1997.
Elas tiveram início quando o Governador do Estado do Espírito Santo, Eurico Rezende, baixou um decreto, que ficou conhecido como "decretão". Por meio daquele ato, o Governador obrigava os professores que se encontravam em outras funções ou repartições a voltarem para as salas de aulas. Dois outros fatores contribuíram para que os professores optassem por não trabalhar: a defasagem e os atrasos salariais do magistério capixaba.
A edição de O Pioneiro de 12/01/1997 informa sobre o fim vexatório dos 18 anos de greves: o Ministério Público comunicou ao Sindiupes que denunciaria criminalmente todos os professores que se recusassem a cumprir a portaria da Secretaria de Estado da Educação, que determinava que os docentes só poderiam entrar em férias, quando concluíssem o ano letivo de 1996. Além disso, o referido órgão adiantou que a ação civil pública fixaria uma multa diária de R$100,000,00 (cem mil reais), caso crianças e adolescentes ficassem sem aulas, e ameaçou induzir a Secretaria de Estado de Educação a anotar na ficha funcional de cada professor indiciado em inquérito civil e militar, a sua situação, de modo a penalizá-los e impedir-lhes a obtenção de promoções, vantagens trabalhistas e licenças prêmio.
Ao que parece, o Fundef e a seriedade dos novos governantes fizeram com que o magistério se esquecesse de que tem títulos precatórios a receber, e exultasse quando passou a receber seus parcos salários em dia.
Em 2005, ofereceram-lhe algo altamente “viciante”: um abono salarial jamais visto ou recebido. Ao receber entre 4 e 8 mil reais, houve colegas que nem sabiam se fazia um “puxadinho”, mudavam o piso todo das casas, aposentavam as bicicletas, ou trocavam de maridos/mulheres. Estávamos todos “ricos” e nem acreditávamos!! Sempre nos disseram que não podíamos ter melhores salários por sermos numerosos.
Exatamente por essa razão e por sermos agradecidos, em 2006, elegemos nosso benfeitor como o mais bem votado do Brasil. No fundo e no raso, aguardávamos uma “dose” igual ou maior da “droga” que experimentáramos em 2005. Oh, cambada de besta (e me incluo!)!: no dia 05 de dezembro de 2006 nos disseram que nossas “carreirinhas” seriam apenas de R$800,00 e R$1.600,00, conforme a carga horária do docente.
E agora? É bonito alguém viciar pessoas e depois cortar a droga abruptamente? É correto roubar o doce da boca da criança? Isso não é o mesmo que beijar a boca, seduzir e se negar a deitar? Isso tudo sem perguntar quem vai pagar as contas feitas contando com o ovo na cloaca da galinha.
Tem mal não! Haverá novas eleições e se não formos muito burros ou esquecidos, a gente se encontra nas urnas e pode devolver a “droga”.
Lícitas ou ilícitas entendo que as segundas são piores que as primeiras porque têm por trás de si a figura nociva do traficante. Quer uma coisa mais perversa do que o sujeito oferecer droga para alguém, viciar a pessoa e depois obrigá-la a se lascar para sustentar o vício?
Por falar em entorpecentes e vícios, os parágrafos a seguir versarão sobre pessoas que já viveram uma vida de droga e em 2005 foram “injetadas” com algo capaz de alucinar qualquer pobre. Refiro-me aos professores da rede pública estadual. Na condição de docente aposentada fui testemunha de muitos desatinos e sofrimentos passados pelos docentes dessa segmento de ensino.
Os melhores anos de suas vidas foram drogas porque houve governantes que atrasaram os salários, que não deram reajustes dignos, e foram muito vis com o magistério. Para ilustrar a meleca de vida que essa classe trabalhadora já teve, relatarei apenas dois trechos da pesquisa que fiz, durante a elaboração de minha dissertação de mestrado, nos preciosos livros de coletâneas anuais do jornal O Pioneiro, bem como em documentos coletados junto ao Sindiupes- Sindicato dos Professores do Espírito Santo-, sobre as greves dos docentes em Linhares ocorridas entre 1979 e 1997.
Elas tiveram início quando o Governador do Estado do Espírito Santo, Eurico Rezende, baixou um decreto, que ficou conhecido como "decretão". Por meio daquele ato, o Governador obrigava os professores que se encontravam em outras funções ou repartições a voltarem para as salas de aulas. Dois outros fatores contribuíram para que os professores optassem por não trabalhar: a defasagem e os atrasos salariais do magistério capixaba.
A edição de O Pioneiro de 12/01/1997 informa sobre o fim vexatório dos 18 anos de greves: o Ministério Público comunicou ao Sindiupes que denunciaria criminalmente todos os professores que se recusassem a cumprir a portaria da Secretaria de Estado da Educação, que determinava que os docentes só poderiam entrar em férias, quando concluíssem o ano letivo de 1996. Além disso, o referido órgão adiantou que a ação civil pública fixaria uma multa diária de R$100,000,00 (cem mil reais), caso crianças e adolescentes ficassem sem aulas, e ameaçou induzir a Secretaria de Estado de Educação a anotar na ficha funcional de cada professor indiciado em inquérito civil e militar, a sua situação, de modo a penalizá-los e impedir-lhes a obtenção de promoções, vantagens trabalhistas e licenças prêmio.
Ao que parece, o Fundef e a seriedade dos novos governantes fizeram com que o magistério se esquecesse de que tem títulos precatórios a receber, e exultasse quando passou a receber seus parcos salários em dia.
Em 2005, ofereceram-lhe algo altamente “viciante”: um abono salarial jamais visto ou recebido. Ao receber entre 4 e 8 mil reais, houve colegas que nem sabiam se fazia um “puxadinho”, mudavam o piso todo das casas, aposentavam as bicicletas, ou trocavam de maridos/mulheres. Estávamos todos “ricos” e nem acreditávamos!! Sempre nos disseram que não podíamos ter melhores salários por sermos numerosos.
Exatamente por essa razão e por sermos agradecidos, em 2006, elegemos nosso benfeitor como o mais bem votado do Brasil. No fundo e no raso, aguardávamos uma “dose” igual ou maior da “droga” que experimentáramos em 2005. Oh, cambada de besta (e me incluo!)!: no dia 05 de dezembro de 2006 nos disseram que nossas “carreirinhas” seriam apenas de R$800,00 e R$1.600,00, conforme a carga horária do docente.
E agora? É bonito alguém viciar pessoas e depois cortar a droga abruptamente? É correto roubar o doce da boca da criança? Isso não é o mesmo que beijar a boca, seduzir e se negar a deitar? Isso tudo sem perguntar quem vai pagar as contas feitas contando com o ovo na cloaca da galinha.
Tem mal não! Haverá novas eleições e se não formos muito burros ou esquecidos, a gente se encontra nas urnas e pode devolver a “droga”.