A VERDADE ILUMINA NOSSAS ALMAS..

Berenice Bhering

Aceitar, soltar, entregar, esquecer... A culpa está ligada à vaidade pessoal. Ter auto-suficiência e autonomia é saber lidar com as frustrações. A alma é elegante, altiva e imparcial. O que faz perdurar a sensação da dor é a não aceitação. A dor moral cessa quando aceitamos e soltamos as amarras emocionais. O desapego é uma libertação. O amor-apego é uma prisão. Cada qual tem de soltar, se liberar, bastar-se a si mesmo. Ninguém nasce sabendo mas, se houver empenho pessoal, pode aprender. As pessoas costumam ser muito arrogantes. Quando vêem que não podem se impor, pois não existe onipotência, tornam-se apáticas e depressivas. Cada qual tem de investir em si próprio com independência e responsabilidade. As exigências impostas ao Outro são descabidas. As expectativas elevadas, despropositadas, geram frustrações. Estamos em plena era do Cruz Créu! Aquele que se apoia no outro perde a autonomia. Aí vemos as psicagens e a piração geral. A superstição pode ser um demolidor da firmeza em tomar conta de si mesmo.

"O ato de incredulaidade leva à independência intelectual." (Freud). O que é isto? Livrar-se das crendices faz a compreensão se abrir num leque de descobertas.

A Vagareza. Pode ser uma Vaga Reza. A protelação, o que chamanos de adiamento, o ato de procastinar dá um certo frisson. Enquanto se adia uma decisão não baixa o nível de excitação. Os precavidos não agem freneticamente. É contraproducente e perigoso.

Escuto na TV: "vinte anos de uma união abençoada pela pedra." Não é a pedra do anel, nem a pedra de toque da magia, mas uma rocha em que a pessoa se espreme sob a fenda de duas locas. Isto na aldeia em que se cultua o Santo Antônio casamenteiro. Se o ritual sacrificial não der certo, o incréu vai pôr a culpa na pedra. E não vai se tocar que a alquimia é a lapidação interior. "Da combinação de quatro elementos se prepara a pedra. Aqui os corpos se dissolvem por completo no mercúrio vivo..." (Donum Dei).

Chance perdida. Oportunidade inaproveitada. É difícil para nós, mortais limitados e ignaros, formar um conceito do que seja a Alma. O vocábulo latino é animus, que na transcrição literal é ânimo, alma, espírito, mente; valor, coragem, força. Gosto mais da alma em francês AME, que foge um pouco de movimento, impulso e aponta para Amour. L'amour tão banalizado hoje em dia. Quanto a Espírito, é mais difícil ainda encontrar um conceito. A popularização vulgariza as sublimidades. Em inglês há o terror de spirit-rapper=espírito que bate. Há o sindicalismo do "espírito de corpo", que é o bate-rebate de escudos e coletes à prova de balas. O espírito-de-porco, aposto que você conhece algum... Spirite-de corps=corporação, corporativismo,. demagogia. Há o espírito-do-vinho, o segredo é a alma do negócio. Este dito foi escancarado pela publicidade em: " a propaganda é a alma do negócio, voz de comando pra botar abaixo todas as portas e deixar que as multicâmeras do reality-show invadam os domicílios, que não têm mais seus respectivos domus-domini. Vamos resgatar a essência, que pode evaporar-se se não realizarmos a magia do gênio e o frasco, a rolha e a vontade. Se evolar-se, não evolui. Precisamos do respaldo essencial para ancorar a substância.

Acho que existe uma Aldeia de Almas, um macrocosmo que engloba as virtuosidades, como num planetário. As afinidades comandam a seleção e o agrupamento. Esses páramos não se intercambiam. São como planetas em seus sistemas, as órbitas helicoidais, sem interferência uns com os moradores/hóspedes dos outros. Por isso a cumplicidade de Almas, a sintonia na corrente contínua em alternâncias de ondas etéricas. "Conhecimento e coragem se unem no caminho da grandeza. As qualidades imortais imortalizam o Homem. Não há superioridade sem esforço e talento. A compostura é a fachada da Alma". (Pascal) VV 13/06/08

Berenice Heringer
Enviado por Berenice Heringer em 21/06/2008
Código do texto: T1044335