Cotidiano Da Vida Urbana

É meio-dia. No centro da cidade, as pessoas se movimentam freneticamente, levadas pela agitação da vida urbana. Neste corre-corre temos a impressão de que somos insensíveis, anestesiados pelas violências da vida moderna que são presenciadas diariamente nos diversos meios de comunicação.

De repente, um homem de roupas simples e encardidas, com o rosto sofrido e marcado pela miséria, cai no chão. Rapidamente, um grupo de transeuntes se forma ao seu redor, alguns por simples curiosidade, felizmente, muitos por solidariedade.

- É crise convulsiva - afirma um, com ares de intelectual. Outro mais simples e prático busca um copo d'água e joga no rosto do homem para despertá-lo, enquanto providenciam um pano para repousar sua cabeça e, assim, atenuar seu sofrimento.

O homem acorda, levanta, dá alguns passos, porém, é vencido pela dor. Agora consciente, perguntam: O que sente?

-Tenho fome.

- Há dois dias não como.

- O que podemos fazer para ajudá-lo? - é questionado novamente, em coro.

O homem, com a firmeza singular, buscando forças para manter sua dignidade responde:

Me arrumem um emprego!

Roberto Passos do Amaral Pereira
Enviado por Roberto Passos do Amaral Pereira em 09/04/2005
Reeditado em 09/04/2005
Código do texto: T10440