ÉPOCA DE CRISE NA SELEÇÃO BRASILEIRA
Desconheço a eliminatória para um mundial que não tenha ocasionado crise em nosso futebol Nacional, no que diz respeito ao nosso escrete Canarinho. Isso ocorre por algumas razões que muitas vezes o torcedor apaixonado - que sempre espera grandes resultados - acaba não observando, com a tônica de que a seleção brasileira sempre deve ser a melhor de todas, não importando a época e nem os percalços que qualquer grupo que reúne pessoas humanas há de encontrar em um longo caminho.
Algumas questões devem ser catalogadas neste momento de crise, independente de nossa visão estrábica de que uma seleção deve ser a melhor sempre. A França demonstrou nesta Eurocopa que sua hegemonia está desmontada. Isso ocorreu num pequeno intervalo de tempo. Esse decréscimo em seu futebol decorre apenas em razão da saída de Zidane? Evidente que não. Embora esse seja um dos fatores, vários outros se somam para que a equipe tenha ido mais cedo para casa.
Com o Brasil ocorre o mesmo. Neste momento um erro crucial em termos de convocação levou ao desastre dessas duas últimas partidas: contra o Paraguai e contra a Argentina. A meu ver a convocação da seleção teria de ser voltada para os atletas que estivessem em atividade, porque os jogadores que atuam na Europa estavam de férias, pois os campeonatos naquele Continente estão paralisados. Ora, todo atleta para render bem deve estar em plena forma física. Isso serve para qualquer modalidades do esporte. Um jogador que está há um mês parado, evidentemente; descuidado com sua forma física, não irá render 50% do que poderia, caso estivesse bem preparado fisicamente. Assim, o erro foi haver convocação de jogadores de renomes que estão autuando fora do Brasil. Já está comprovado que nome não ganha jogo.
Quando a Comissão Técnica da seleção brasileira percebeu esse erro; já era tarde, pois foi o jogo contra o Paraguai que demonstrou a atuação pífia de muitos jogadores. Aí veio o Dunga pedindo postura, por entender que os jogadores não correram como deviam. O resultado foi parcial, pois ninguém pode correr mais do que pode. Verificou-se que apenas um jogador apareceu e foi o melhor em campo. Trata-se de Júlio Baptista. Essa explicação é bem própria do raciocínio que estou desenvolvendo, pois é o jogador que tem melhor condição física.
O oposto ocorre com a Eurocopa (que estamos vivenciando neste momento). Estamos vendo grandes jogos, com jogadores bem preparados fisicamente. A razão é bem simples, pois esse intervalo observado no calendário Europeu tem uma razão objetiva que é a realização dessa competição e os jogadores que foram convocados para as seleções de seus Países não saíram de férias e foram treinar visando esse certame. Assim, a falta de planejamento em nosso futebol sul-americano é gritante, pois cabia aos dirigentes que comandam nosso futebol, marcar o calendário dessas duas partidas numa data mais próxima do retorno dos nossos atletas que estão no exterior, pois a maioria das seleções sul-americanas são compostas de jogadores que estão jogando na Europa.
Além desse aspecto, que reputo o mais importante para o fracasso do Brasil e da Argentina (as duas equipes que têm o maior número de jogadores que estão no estrangeiro), o Brasil também sentiu a ausência do nosso melhor jogador da seleção brasileira que é o Kaká. Este jogador é imprescindível em nosso esquema tático, pois compõe nosso meio campo com a elegância de um jogador de bons passes e ainda reflete sua fibra e determinação rumo ao gol, levando a equipe a produzir mais no ataque.
No entanto, a responsabilidade que cabe ao Dunga (no momento da partida) é também um fator de relevância e com razão os torcedores (que em côro) o chamaram de burro. Pra mim a sua burrice não fica só na escolha do jogador que irá substituir ou que vai ser substituído.O seu principal erro é na convocação de nossos laterais. O futebol moderno não permite mais que esses jogadores só sejam marcadores. Essa é uma função que está restrita aos médios volantes que devem suprir a ausência dos alas. Nem Maicon e nem Gilberto podem ser os jogadores dessa posição. Eles são bons jogadores, mas não tem o perfil exigido para a posição. Esses jogadores devem ter a ginga brasileira, serem bons como atacantes, fazendo bons cruzamentos, aproveitando os espaços que sobram quando a luta se volta para o meio de campo.
A Eurocopa tem demonstrado muito essa forma de jogada desenvolvida pelos alas. Geralmente são jogadores velozes, com um percentual indiscutível de acerto nos cruzamentos, sendo que a maior parte dos gols ocorridos nesse certame, são construídos pelas laterais do campo.
Enfim, feitas essas leituras e corrigindo-se esses erros, certamente a selação brasileira sairá desse incômodo 5º lugar que chega a ser vexatório, em face de sua história e da realidade do nosso futebol que ainda é o melhor do mundo.