Quanto vale uma vida?
Nós seres humanos temos todo o direito de errar, até mesmo no exercício da nossa profissão, desde que tais erros não impliquem na segurança e/ou no comprometimento da vida do outro a quem prestamos serviço ou que está sob a nossa jurisdição. Afinal de contas não somos perfeitos!
Imaginemos um professor ministrando uma aula sobre um determinado tema, por exemplo a água. Ele se atrapalha e passa para os alunos que esta é composta por dois átomos de hidrogênio e dois de oxigênio. Ora, todos nós sabemos que a fórmula da água é H2O e não H2O2. Esta última é a fórmula da água oxigenada. O erro é passado e os alunos por serem leigos na matéria não o percebem. Dias depois ele próprio se dá conta do seu erro e, em sala de aula desculpa-se com o alunado sugerindo ter sido uma distração que aliás não levou a graves conseqüências, justifica sorrindo...
Existem porém outras profissões nas quais um ínfimo erro pode levar a sérios resultados. Quem não viu na internet a reportagem da mulher que teve o seu útero retirado em uma cirurgia num determinado hospital de Goiânia porque trocaram o prontuário e a enviaram ao centro cirúrgico no lugar da que realmente necessitava da histerectomia ? Inclusive este erro acarretou sérissimas consqüências para ela já que está em um segundo casamento e fazendo tratamento para engravidar. Anularam em definitivo todas as suas chances de ser mãe pelo menos nesta encarnação.
Mataram o seu sonho. Quanto vale o sonho desta jovem senhora?
Aqui abro um parênteses porque sou enfermeira e digo: SE tivessem checado prontuário x paciente desde a saída da enfermaria até o recebimento no CC, verificado a sua história clínica, isto por certo não teria acontecido. A maioria dos erros tem como se evitar nestas áreas críticas onde não se pode errar. Requer apenas atenção e responsabilidade.
Um engenheiro erra? Erra sim e compromete muitas vidas às vezes por erros de cálculos e/ou uso indevido de material de má qualidade.Quando se trata porém de uma profissão na qual a vida de outro depende de tomadas de decisões de uma equipe, tomadas de decisões estas que se estribam na ética e na moral sem nada palpável de permeio, a equipe na figura do seu líder e dos seus assessores acertará ou não a depender do que entendam por ética e moral.
Senão vejamos o caso aberrante que está circulando na mídia. Três jovens do Morro da Providência, entregues para uma facção inimiga, apenas pela decisão única de um "superior" que, segundo o seu advogado, queria dar um susto nos rapazes. Quanta inocência deste profissional! Será que ele sequer imaginava o que poderia acontecer aos jovens mesmo após a súplica dos mesmos quando em coro gritavam: "- Eles vão nos matar!! ??? Santa Inocência!!
Aliás, um profissional do exército que cumpre o seu dever "dando sustos" não é por certo muito confiável. Não faço parte do exército mas creio que deva existir regras de conduta para as mais diversas e inusitadas situações que não o "susto". Regras que amparem o ser humano norteando-o ante os valores da sua cidadania.
A mídia mostrou o Ministro da Defesa visitando os familiares para "pedir desculpas" aos mesmos e até tomou um cafezinho em um frasco, suponho, de maionese. Pedir desculpas senhor ministro? Queria ver se um filho seu fosse morto em idêntica situação e fossem lhe pedir desculpas o que o senhor faria!! Ministros e mais ministros pedindo desculpas, um lero lero interminável e fastidioso sugerindo ano político. Por último o presidente impondo uma indenização às famílias atingidas como se um milhão ou zilhões de dólares ou real possa trazer de volta as vidas jovens ceifadas por uma conduta ética dúbia ou mesmo apagar a dor no coração destes pais sofridos. E já tem até advogado de ONG interessado em assumir a causa.
Afinal de contas quanto mesmo vale uma vida?
Bjs e paz!
Imagem:http://www.vitruvius.com.br/entrevista/petersen/petersen.asp