NÁDEGAS - UM TRATADO SOBRE A BUNDA
Na verdade eu não gosto do termo nádegas, prefiro bunda mesmo, soa mais parecido com o que é e o termo fica mais abrasileirado, já que este é o país onde ela, a bunda, é a preferência nacional, como dizem. Tem uma coisa que me intriga em relação a ela, é a comparação com a cara que as pessoas fazem em momentos desagradáveis. O indivíduo faz cara de quem comeu e não gostou e logo dizem que ele está com "cara de bunda”. O filho não está a fim de ir com os pais fazer uma visita e a mãe logo dispara – desfaça essa “cara de bunda” moleque. Ou então depois daquela reunião de família no fim do ano o comentário sobre a cunhada é inevitável - vocês viram como ela estava com “cara de bunda”.
Andei pensando sobre isso e resolvi analisar as bundas nas ruas. Calma, não é o que parece! Analisei empiricamente mas com um propósito educativo. Não acho justa a comparação de uma cara feia ou sem graça com a bunda, afinal, há bundas e bundas. E foi por esta indignação que resolvi ir em defesa da coitada, pois afinal é ela quem agüenta o tranco no dia-a-dia, encara cadeiras, bancos, muretas, sofás e uma infinidade de lugares nem sempre confortáveis como ela merece. Comecei a demorar-me mais nas olhadelas, reparando mesmo, o que causou caras de reprovação, mas nem por isso desconcentrei-me de meu estudo. Percebi que existem milhares ou talvez milhões e quem sabe até bilhões de tipos de bundas, já que a população mundial está na casa dos seis bilhões e dificilmente existe uma bunda igual à outra, porém cada tipo devidamente inserido dentro de sua categoria e subcategoria.
Concluí que existem as seguintes categorias: a enorme, a grande, a média, a pequena e a minúscula. A bunda enorme causa grandes constrangimentos à seu dono ou dona, difícil encontrar uma cadeira adequada ao seu tamanho e a roleta do ônibus é um grande inimigo. A grande não causa tantos transtornos, apenas é alvo de olhares mais demorados e comentários apimentados. A média passa quase despercebida, poderia ser denominada de normal, mas isso depende de cada um, o que é normal para uns pode não ser para outros. A pequena é delicada mas nem por isso menos interessante. Já a minúscula também é alvo de muitos comentários porque todo mundo olha mas não a enxerga. Dentro dessas categorias existem as subcategorias e podem ser classificadas em: empinada, que sempre causa frisson e pode estar presente em qualquer uma das categorias mas com menos freqüência na pequena e inexiste na minúscula; ao contrário desta tem a achatada, aquela que quando olhamos a pessoa de lado não vemos a bunda pois não há protuberância nenhuma nela. Pode ser encontrada na pequena e na média e principalmente na mínima. A dura, pertencente geralmente a atletas é presente na maioria das vezes na pequena ou na média, mas dificilmente na grande e na enorme nem se fala. A mole é a bunda mais democrática de todas pois pode estar presente em todas as categorias sem distinção. Tem a bunda larga(nada a ver com a internet) que só não pode estar presente na mínima. Ela é um desastre quando se apresenta na enorme devido à dificuldade que causa no acesso aos banheiros principalmente de ônibus e aviões e nas portas giratórias. Tem a falsa bunda, aquela que a pessoa coloca enchimento para deixá-la com mais volume, porém, na hora que tira a roupa vem uma tremenda decepção. E agora tem a mais nova subcategoria, a siliconada, modelada no tamanho e formato que a pessoa quer e fica perfeita, até demais, tornando-se difícil de ser detectada a olho nu, só apalpando mesmo.
Quanto aos tipos, e aí são muitos, podem ser: bunda pelada ou peluda, arredondada ou pontuda, circular ou quadrada e por aí vai. Vou me demorar apenas nos dois tipos que mais se destacam: a furadinha, parecida com casca de laranja devido à celulite, mais comum nas bundas femininas, que causam terror tanto nas mulheres que as possuem quanto nos homens que as vêem, mas praticamente não há como fugir dela, havendo assim uma aceitação tácita em maior ou menor grau, mas sempre é aceita; e a lisinha que é o sonho de todos, porém é como trevo de quatro folhas, a gente sabe que existe mas é difícil de encontrar. De qualquer maneira, todo ser humano tem sua bunda, ainda bem. Enorme, grande, média, pequena, minúscula, dura, mole, empinada, achatada, falsa, siliconada, furadinha ou lisa não importa, o que realmente conta é que cada um deve cuidar dela da melhor maneira possível pois é parceira inseparável.
As bundas estão aí para serem olhadas e comentadas, comparadas, admiradas ou escrachadas pois cada qual tem sua preferência. Importante mesmo é que a bunda desempenhe a função para a qual foi criada, sentar!