FANTA OU COCA-COLA?

Na década de 70, quando comecei minha carreira de professora de Inglês no Yázigi, o material didático tinha personagens como: Zip, Mr. Pep, Pepita e Betty. Quem tiver sido meu aluno, de Maria Consuelo Quitiba Lofêgo ou de Gélia Tavares, certamente, ainda se lembrará do primeiro diálogo do YEP1:
Zip: A Coke or a guaraná?
Pepita: A guaraná, please.
Zip: What about you? A Coke?
Mr. Pep: No, thanks, A beer and a sandwich for me.

Para quem fugiu das aulas do idioma de Shakespeare, eu informo que no diálogo acima, Zip oferece refrigerantes a Pepita, que opta por aquele que nos representa: o guaraná. A seguir, ele oferece Coca-Cola a Mr. Pep, que a recusa, agradece e pede cerveja e sanduíche.

Em situações de escolha, costumamos ter dúvidas. A crônica de hoje nasce de uma pergunta feita por uma amiga, entre um copo de vinho e outro, após relatar o caso de uma pessoa que é apenas amiga dela. É apimentada, mas como não costumo ser lida por crianças, acho que está valendo.

A “amiga da minha amiga”, talvez na faixa etária dos 40 anos, é separada do marido, pois não agüentou o típico machão mineiro. Entregue à solidão, decidiu comprar um computador e navegar nos MSNs e Orkuts da vida. Logo, logo, encontrou alguém dizendo ser bonito e com uma das melhores qualidades para qualquer mulher: RICO!

É claro que poderia ser mentira, pois é isso o que mais rola nos papos virtuais. Entretanto, a solidão e a carência a impeliram a “rodar” madrugadas e mais madrugadas teclando na frente do computador.

Papo daqui, papo dali, troca de fotos, conversas na webcam, telefonemas... a paixão foi nascendo e com ela o desejo do primeiro encontro, num restaurante chiquérrimo de Belo Horizonte.

Eis que de um reluzente Mercedes Benz prateado desceu um coroão enxuto, alto, bem arrumado, parecido com Antônio Fagundes. A “amiga da minha amiga” entrou num torpor ao sentir o seu inebriante perfume e ao ver o Rolex de ouro em seu punho esquerdo.

Glória!!! O cara era mais bonito do que a foto, cheiroso, dono de um hálito perfumado e de uma voz maravilhosa, capaz de fazer arrepiar toda a espinha dorsal de uma mulher. Como se não bastasse, era um gentleman, pois beijou sua mão delicadamente, entregou-lhe o bouquet de rosas vermelhas que trouxera,  deu-lhe o braço como um cavalheiro, conduziu-a ao interior do restaurante, puxou a cadeira para que ela se sentasse e, ainda por cima, deixou-a escolher a lagosta que quis.

Quem de nós, mulheres, não endoidaríamos com um sujeito assim e que, ainda por cima, com uma voz de locutor da Tribuna FM nos chamasse de “mulher da minha vida”?

Uma semana depois (e aí, meu leitor, eu já estava agoniada com o relato, porque eu não teria resistido tanto tempo!), ele a beijou. Apenas após um mês (haja coração!), ele a convidou para ir à suíte presidencial de um motel Classe A.

Após o brinde com champagne Dom Perignon (R$799,00 a garrafa e duas taças de cristal) aconteceram os amassos preliminares. Se Roberto Carlos os visse e ainda não tivesse composto os versos: “nos lençóis macios, amantes se dão, travesseiros soltos, roupas pelo chão. Braços que se abraçam, bocas que murmuram palavras de amor, enquanto se procuram...”, certamente os comporia.

Eis que aconteceu o inesperado e inconcebível. Pensa que ele soltou um “pum”? Que tinha chulé? Que usava dentadura? Nada disso, meu leitor, o cara simplesmente não “reagia para marcar o gol”!. Sentindo-se feia e culpada, a “amiga da minha amiga” apelou para tudo que aprendera no seu manual de Kama Sutra em 10 lições, por correspondência.

Então, aconteceu o pior: ele virou-se e empinou seu traseiro, estrategicamente, para a “amiga da minha amiga”. Desconcertada, ela demorou para entender que não haveria “gol” algum , se ela não ligasse o seu “fio terra”.

Desde essa noite, a “amiga da minha amiga”, anda perguntando para todo mundo: “Será que essa Coca-Cola é Fanta?

Sabe o que eu respondi? Com tantas qualidades (inclusive o Mercedes e o Rolex), o “sabor do refri “ é o menos importante, não é não?