Pirim pom pom,
Pirim pom pom, Pirim pom pom, lá vai a banda com seus uniformes garbosos, instrumentos brilhantes, fazendo evoluções fantásticas. Pirim pom pom, Pirim pom pom, lá vai o músico cheio de problemas, cheio de dúvidas, cheio de dívidas. Pirim pom pom, Pirim pom pom, enquanto o general estufa o peito, nós músicos, pensamos se o dinheiro vai dar para pagar todas as contas. Pirim pom pom, Pirim pom pom, a banda passa, todos aplaudem e nós morremos aos poucos, morremos de fome, fome de um salário melhor, fome de ser tratado como pessoas. Pirim pom pom, Pirim pom pom, na frente da banda há um maestro ou um escravo do sistema?
Pirim pom pom, Pirim pom pom, o general anda de carro com ar condicionado e nós de ônibus lotado. O general é um homem livre, livre para escravizar os praças.
Pirim pom pom, Pirim pom pom, o general come camarão, o músico come só feijão, e continua a escravidão desde Tamandaré. Pirim pom pom, Pirim pom pom, a vida para o músico não é fácil, há revolta atrás do instrumento, há um instrumento a frente do revoltado que o leva para outros mundos, talvez essa seja a válvula de escape que o torna um homem feliz. Pirim pom pom, Pirim pom pom, é lindo tocar as almas das pessoas através dessa arte milenar chamada música, mas é lindo ter dignidade.
Pirim pom pom, Pirim pom pom, ontem não pude sair na hora certa do quartel onde trabalho, e em conseqüência disso não pude subir o morro da comunidade onde moro, pois acontecia um tiroteio, tive que dormir na rua, tudo por causa de um coquetel, apenas, é claro, para os oficiais, e o pior de tudo é que não existe hora extra.
Pirim pom pom, Pirim pom pom, precisamos de melhores salários, melhores condições de vida. Pirim pom pom, Pirim pom pom, Pirim pom pom, Pirim pom pom...... lá vai a banda.