Rótulos

Dia desses meu marido e eu estávamos passeando com nossos cães pelas ruas aqui do bairro. Temos um dobermann e uma vira latas que mede menos da metade do tamanho dele. Eu estava do lado da calçada que beira a rua com a Lara e o meu marido do lado dos muros das casas com o debermann. Um homem saiu da sua reta para não passar ao lado do grandalhão, achando que ele poderia avançar. Então o sujeito desceu o cordão da calçada preferindo passar pela cadelinha que é menor e parece menos perigosa. Ele nem imaginava o grande erro que estava cometendo por julgar pelas aparências. No momento em que ele se aproximou, ela avançou direto nele. Sorte que eu sempre estou de olho e sempre segurando firme a guia. Dei um puxão forte dizendo um não. O dobermann é adestrado e bem socializado desde pequeno. Nunca cometeu esse tipo de loucura. Algumas pessoas vêm até ele para fazer um carinho que ele aceita feliz da vida.

Quantas pessoas não andam nas ruas preocupadas com o pivete que pede dinheiro na sinaleira ou com o adolescente negro vestido de rapper que passa pela calçada? Enquanto isso, muitos assaltos são cometidos por pessoas bem vestidas que não despertam nenhum tipo de desconfiança. Quantas vezes ouvimos notícias de pessoas mordidas por cães de raças como pit bull e rottweiller, mas ignoramos que o maior índice de mordidas, na verdade, é de cães de raças pequenas. A diferença é que eles causam um estrago bem menor.

E se aprofundarmos a reflexão sobre rótulos, nós percebemos que corremos o risco de perder oportunidades interessantes por criar resistência a certas coisas e pessoas. Tem gente que não se aproxima de pessoas que considera fora dos padrões de normalidade e perde de fazer grandes amizades. Outras pessoas deixam de freqüentar lugares por ter ouvido boatos negativos sobre ele, mas nunca estiveram lá para saber se o lugar é realmente ruim ou se tudo não passa de marketing negativo promovido pela concorrência.

E quando pensamos que nós mesmos podemos ser rotulados pelos outros? Não é nada agradável ser taxado disso ou daquilo e não conseguir desfazer a impressão. Por isso que a atitude de rotular é negativa em ambas as “mãos”. Sei que é difícil eliminar os rótulos e, talvez, seja impossível, mas eu tenho feito grande esforço para tentar não agir por impulso.

E é bem verdade que eu nem sei como concluir esse texto, que eu nem sei exatamente o porquê de ter decidido escrever sobre rótulos. Apenas gostaria de plantar a reflexão aos meus colegas de RL: Cão que muito late, não morde?

Raquel Corrêa
Enviado por Raquel Corrêa em 18/06/2008
Código do texto: T1040169
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