...SOBRE A IMPRUDÊNCIA DE APRISIONAR O AMOR...

O amor é um trapaceiro de nascença, engana àqueles que pensam estar em harmonia com ele. E talvez seja um pouco cedo para que eu me revolte assim , mas é o que sinto agora. Ele - o amor - não espera sua vez para jogar, usa e abusa dos desatentos. A culpa é só minha que não percebi quantas vezes deixei de dizer o que era aquela tristeza leve nos meus olhos. O amor conduz rebanhos para o sacrifício, e se diverte com "os fins" para ver surgirem "os inícios". Eu não acreditava que tudo se desmoronaria tão rápido, não tive tempo de tapar os furos que esvaziavam a alma. O amor se deleita com cianureto, não se importa se os desavisados quiserem provar. Eu provei dos delírios do vinho, apenas para não poder raciocinar direito e não ter forças para cair a sua frente. O amor tem sempre várias opções para se dar bem durante o jogo. Eu só tive uma chance para fazer todas as coisas funcionarem a meu favor, e apesar de ter conseguido sucesso não foi suficiente. O amor perdeu quando a ligação não obeteve retorno. Eu não sou um perdedor, mas também não ganhei nada. O amor não é cego como a maioria pensa, apenas finge. Eu mesmo olhando para todos os lados não consigo ver quando ele aparece, quando menos se espera está ao seu lado, atrapalhando o dia. O amor vai embora quando a sua companhia quer que ele fique, e agora que não estamos mais juntos fica me puxando pelo braço, apenas porque achava divertido ver nossas vidas brilhando. O amor é um voyeur. Eu não gosto de me expor. O amor tem cartas na manga para resolver as situações mais desesperadoras, enquanto eu fico esperando por outra rodada, que demora muito as vezes. O amor quis fazer morada no céu, mas eu num momento de vingança, resolvi aprisioná-lo no coração, que não sou tão cruel, pois lá é quente, grande e bem seguro contra fugas repentinas.

"...give me love, give me love

give me...

peace on earth..." GEORGE HARRISON