Ama Teu Próximo
Ama a teu Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo! Com este mandamento Jesus resumiu toda a essência do seu pensamento. Aliás, todos os sábios conseguem condensar o que muitos não conseguem entender para uma linguagem clara e simples, a qual todos que dela tenham conhecimento, por mais ignorantes que sejam, possam entendê-la sem qualquer esforço. Depois vêm os "intelectuais" e "estudiosos" para complicar tudo que o sábio disse.
Assim fizeram as igrejas cristãs, que transformaram aquele simples mandamento numa série de infindáveis exigências, às vezes até absurdas. Não parece haver qualquer mistério em amar a Deus sobre todas as coisas. Afinal, partindo-se da premissa de que Ele é o criador de todo o Universo, pode-se facilmente concluir que tudo a Ele pertence, inclusive nossas vidas, que tremulam como velas ao relento. Com um simples sopro de Deus, deixamos de existir para este mundo, sendo-nos cassado, inclusive, o direito de ser incrédulos. Naturalmente, à entidade que nos concede todas as coisas, devemos reverenciar sobre todas elas, por este simples e elementar exercício de raciocínio.
Amar ao próximo como a si mesmo é mais complicado. Como poderei dedicar às outras pessoas o mesmo amor que dedico a mim mesmo? Dedicar-me aos filhos, aos pais, ao cônjuge e aos irmãos de sangue parece mais fácil. Mas num avião descontrolado, rumo ao abismo, com apenas um pára-quedas, quem é que salvaríamos? Certamente que só a prática nos revelaria, porque na teoria o desprendimento torna-se mais fácil. E Jesus ainda explicou, na Bíblia, que não há dificuldade alguma em amar nossos filhos, pais, esposas, irmãos e amigos. Devemos amar, também, os nossos inimigos e desconhecidos. Agora a coisa complicou. Pelos nossos inimigos o único sentimento que detemos é o ódio e, pelos desconhecidos, a indiferença. O máximo que conseguimos alcançar é a compaixão, mas dificilmente nos ocorre amá-los. A idéia de oferecer a outra face parece tão absurda quando irreal. Ninguém há de oferecer amor se recebe hostilidade e, muito menos, privar-se de sua riqueza para dividi-la com estranhos.
Mas qual foi a intenção desse pensamento, em princípio tão absurdo e ilógico? Se nos dedicarmos aos outros como a nós mesmos, como sobreviveremos? Ficaremos na miséria e no desamparo, enquanto nossa riqueza, por maior que seja, partilhada entre todas as pessoas, não caberá valor expressivo a ninguém!
É verdade, se olhado sob esse prisma. Mas se o mandamento é universal, e todos dedicam aos outros todo o seu empenho, certamente que, no final, há de resultar a igualdade entre todas as pessoas. Igualdade de fortuna e de amor. Se eu sou por mim e você por si, seremos um por um. Mas se eu me dedicar a todas as pessoas, você se dedicar a todas as pessoas, e todas as pessoas buscarem antes o bem-estar de seu semelhante, não será mais um por um. Como na história dos Três Mosqueteiros, seremos um por todos e todos por um. Nesse dia, que preocupação você teria consigo próprios se, antes de você, todas as pessoas estivessem dispostas a resolver os seus problemas? A você e a mim só restaria a preocupação de resolver os problemas dos outros que, com tanta gente empenhada, seriam de solução muito fácil. Afinal, resolver o problema alheio é sempre mais fácil que resolver o próprio.
Você deve estar pensando: "É comunista!" Mas, parafraseando um personagem de novela eu lhe respondo: "É o demônio que está lhe sussurrando". Não dê ouvidos a ele, abra o seu coração. O mundo se transformou no que é porque as pessoas sempre estiveram preocupadas consigo mesmas. Hoje temos conhecimento de punguistas que agem à luz do dia, em meio a ruas movimentadas, sem que ninguém tenha coragem de defender as suas vítimas. Como poderia tal elemento intimidar a sua vítima - que poderia ser qualquer um de nós - se todas as pessoas ao redor estivessem dispostas a impedi-lo? Por que razão haveria ele de roubar se cada pessoa ao seu redor estivesse disposta a dar-lhe um pouco do que tivesse? E ele, com o que lhe restasse, tivesse o mesmo espírito para compartilhar com outros, também necessitados. No mundo de hoje é humilhante receber em doação, mas é agradável às pessoas roubar, seja como aquele punguista, seja pelos meios legais, como o comerciante e o industrial, que expropriam através dos produtos que vendem, ou mão-de-obra que contratam. No livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", Machado de Assis nos ensina que uma doação reflete muito mais na memória daquele que a dá, do que na memória daquele que a recebe. Afinal, a necessidade corpórea somente nos chama a atenção quando está presente para, depois de satisfeita a necessidade, ser esquecida, com o restabelecimento da normalidade em nosso organismo. Assim, o homem faminto, após encher o seu estômago, esquecerá rapidamente que precisou alimentar-se e, mais rapidamente ainda, quem foi que lhe deu de comer, voltando a preocupar-se com isso apenas quando seu organismo assim o exigir. Enquanto isso, o homem que lhe deu de comer guardará na memória a grata satisfação de ter feito o bem a alguém e, certamente, nos momentos em que sua consciência o acusar por qualquer motivo, ele terá para si próprio o alívio de que, um dia, ajudou alguém a sobreviver. Mas se essa satisfação é tão mais profunda no doador - prossegue o autor - as pessoas deveriam doar-se mais, produzindo cada vez mais aquela sensação gostosa de poder ajudar - fato que jamais esqueceriam.
Aqueles que leram o livro sabem e aqueles que não o leram já devem estar imaginando que o personagem que disse estas palavras foi internado em um hospício e morreu como louco. Na insanidade das palavras daquele louco encontramos a mais profunda sabedoria. O ser humano recém-nascido é o mais indefeso dos animais. Se fosse abandonado à própria sorte não sobreviveria. Ele precisa ser alimentado pela mãe e, durante toda a sua infância e juventude, protegido por outras pessoas que, muitas vezes, não têm recursos para mantê-lo. Ao atingir a maturidade, esta mesma pessoa fecha-se em si mesma e se recusa a ajudar - ou ajuda com relutância - até mesmo aqueles que lhe garantiram o sustento quando criança.
É claro que se você e eu saíssemos por aí pregando estas palavras, gozaríamos da mesma sorte que o personagem de Machado de Assis, terminando nossos dias em um hospício, desacreditados e na mais profunda miséria. Afinal não se pode mudar o mundo sinceramente antes de mudar cada uma das pessoas. Assim como o louco, Jesus foi crucificado, humilhado e desacreditado. Mas a sua semente foi lançada e, hoje, seus seguidores são em número muito maior do que o eram quando estava vivo.
Se conseguirmos mudar, cada um de nós, uma pessoa para nossa maneira de pensar, seremos o dobro. E se estas pessoas nos ajudarem a mudar outras pessoas, seremos mais, e mais, e cada vez mais... até que os hipócritas estejam em número menor e, como lhes é característico, "mudem" para nossa maneira de pensar.
Aí, então, mudadas todas as pessoas, estará mudado o mundo, cumprindo-se o mandamento: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".
Ama a teu Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo! Com este mandamento Jesus resumiu toda a essência do seu pensamento. Aliás, todos os sábios conseguem condensar o que muitos não conseguem entender para uma linguagem clara e simples, a qual todos que dela tenham conhecimento, por mais ignorantes que sejam, possam entendê-la sem qualquer esforço. Depois vêm os "intelectuais" e "estudiosos" para complicar tudo que o sábio disse.
Assim fizeram as igrejas cristãs, que transformaram aquele simples mandamento numa série de infindáveis exigências, às vezes até absurdas. Não parece haver qualquer mistério em amar a Deus sobre todas as coisas. Afinal, partindo-se da premissa de que Ele é o criador de todo o Universo, pode-se facilmente concluir que tudo a Ele pertence, inclusive nossas vidas, que tremulam como velas ao relento. Com um simples sopro de Deus, deixamos de existir para este mundo, sendo-nos cassado, inclusive, o direito de ser incrédulos. Naturalmente, à entidade que nos concede todas as coisas, devemos reverenciar sobre todas elas, por este simples e elementar exercício de raciocínio.
Amar ao próximo como a si mesmo é mais complicado. Como poderei dedicar às outras pessoas o mesmo amor que dedico a mim mesmo? Dedicar-me aos filhos, aos pais, ao cônjuge e aos irmãos de sangue parece mais fácil. Mas num avião descontrolado, rumo ao abismo, com apenas um pára-quedas, quem é que salvaríamos? Certamente que só a prática nos revelaria, porque na teoria o desprendimento torna-se mais fácil. E Jesus ainda explicou, na Bíblia, que não há dificuldade alguma em amar nossos filhos, pais, esposas, irmãos e amigos. Devemos amar, também, os nossos inimigos e desconhecidos. Agora a coisa complicou. Pelos nossos inimigos o único sentimento que detemos é o ódio e, pelos desconhecidos, a indiferença. O máximo que conseguimos alcançar é a compaixão, mas dificilmente nos ocorre amá-los. A idéia de oferecer a outra face parece tão absurda quando irreal. Ninguém há de oferecer amor se recebe hostilidade e, muito menos, privar-se de sua riqueza para dividi-la com estranhos.
Mas qual foi a intenção desse pensamento, em princípio tão absurdo e ilógico? Se nos dedicarmos aos outros como a nós mesmos, como sobreviveremos? Ficaremos na miséria e no desamparo, enquanto nossa riqueza, por maior que seja, partilhada entre todas as pessoas, não caberá valor expressivo a ninguém!
É verdade, se olhado sob esse prisma. Mas se o mandamento é universal, e todos dedicam aos outros todo o seu empenho, certamente que, no final, há de resultar a igualdade entre todas as pessoas. Igualdade de fortuna e de amor. Se eu sou por mim e você por si, seremos um por um. Mas se eu me dedicar a todas as pessoas, você se dedicar a todas as pessoas, e todas as pessoas buscarem antes o bem-estar de seu semelhante, não será mais um por um. Como na história dos Três Mosqueteiros, seremos um por todos e todos por um. Nesse dia, que preocupação você teria consigo próprios se, antes de você, todas as pessoas estivessem dispostas a resolver os seus problemas? A você e a mim só restaria a preocupação de resolver os problemas dos outros que, com tanta gente empenhada, seriam de solução muito fácil. Afinal, resolver o problema alheio é sempre mais fácil que resolver o próprio.
Você deve estar pensando: "É comunista!" Mas, parafraseando um personagem de novela eu lhe respondo: "É o demônio que está lhe sussurrando". Não dê ouvidos a ele, abra o seu coração. O mundo se transformou no que é porque as pessoas sempre estiveram preocupadas consigo mesmas. Hoje temos conhecimento de punguistas que agem à luz do dia, em meio a ruas movimentadas, sem que ninguém tenha coragem de defender as suas vítimas. Como poderia tal elemento intimidar a sua vítima - que poderia ser qualquer um de nós - se todas as pessoas ao redor estivessem dispostas a impedi-lo? Por que razão haveria ele de roubar se cada pessoa ao seu redor estivesse disposta a dar-lhe um pouco do que tivesse? E ele, com o que lhe restasse, tivesse o mesmo espírito para compartilhar com outros, também necessitados. No mundo de hoje é humilhante receber em doação, mas é agradável às pessoas roubar, seja como aquele punguista, seja pelos meios legais, como o comerciante e o industrial, que expropriam através dos produtos que vendem, ou mão-de-obra que contratam. No livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", Machado de Assis nos ensina que uma doação reflete muito mais na memória daquele que a dá, do que na memória daquele que a recebe. Afinal, a necessidade corpórea somente nos chama a atenção quando está presente para, depois de satisfeita a necessidade, ser esquecida, com o restabelecimento da normalidade em nosso organismo. Assim, o homem faminto, após encher o seu estômago, esquecerá rapidamente que precisou alimentar-se e, mais rapidamente ainda, quem foi que lhe deu de comer, voltando a preocupar-se com isso apenas quando seu organismo assim o exigir. Enquanto isso, o homem que lhe deu de comer guardará na memória a grata satisfação de ter feito o bem a alguém e, certamente, nos momentos em que sua consciência o acusar por qualquer motivo, ele terá para si próprio o alívio de que, um dia, ajudou alguém a sobreviver. Mas se essa satisfação é tão mais profunda no doador - prossegue o autor - as pessoas deveriam doar-se mais, produzindo cada vez mais aquela sensação gostosa de poder ajudar - fato que jamais esqueceriam.
Aqueles que leram o livro sabem e aqueles que não o leram já devem estar imaginando que o personagem que disse estas palavras foi internado em um hospício e morreu como louco. Na insanidade das palavras daquele louco encontramos a mais profunda sabedoria. O ser humano recém-nascido é o mais indefeso dos animais. Se fosse abandonado à própria sorte não sobreviveria. Ele precisa ser alimentado pela mãe e, durante toda a sua infância e juventude, protegido por outras pessoas que, muitas vezes, não têm recursos para mantê-lo. Ao atingir a maturidade, esta mesma pessoa fecha-se em si mesma e se recusa a ajudar - ou ajuda com relutância - até mesmo aqueles que lhe garantiram o sustento quando criança.
É claro que se você e eu saíssemos por aí pregando estas palavras, gozaríamos da mesma sorte que o personagem de Machado de Assis, terminando nossos dias em um hospício, desacreditados e na mais profunda miséria. Afinal não se pode mudar o mundo sinceramente antes de mudar cada uma das pessoas. Assim como o louco, Jesus foi crucificado, humilhado e desacreditado. Mas a sua semente foi lançada e, hoje, seus seguidores são em número muito maior do que o eram quando estava vivo.
Se conseguirmos mudar, cada um de nós, uma pessoa para nossa maneira de pensar, seremos o dobro. E se estas pessoas nos ajudarem a mudar outras pessoas, seremos mais, e mais, e cada vez mais... até que os hipócritas estejam em número menor e, como lhes é característico, "mudem" para nossa maneira de pensar.
Aí, então, mudadas todas as pessoas, estará mudado o mundo, cumprindo-se o mandamento: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".