DIÁRIO DE BORDO
Passei alguns dias sem escrever. Andei viajando. Nas minhas viagens abasteço a minha alma com a energia que capto da paisagem e, sobretudo das pessoas.
Nesta última viagem, meus olhos se deliciaram com a beleza da cidade maravilhosa, onde estive com a minha filha, Alyanne (Lili) e encontrei familiares. Destaco aqui a Ana que tida por mim apenas como esposa do meu primo João, passou a ser minha grande amiga, ao perceber que ela é uma daquelas pessoas em quem se pode confiar, sempre. No Rio de Janeiro conheci, pessoalmente, pessoas incríveis, como a Sra. Ná que transformou uma amizade virtual numa realidade plena de alegria, com o seu sorriso aberto e olhar luminoso, de um azul inconfundível. Agora, não é só Freud e Lacan, nossos mestres, que nos unem.
Encontrei São Paulo em plena convulsão social e econômica ao transitar na famosa 25 de Março e levar uma laranjada na cabeça. Não pensem que jogaram em mim o suco da laranja. Fui arrebatada pela própria laranja, jogada Deus sabe de onde, por quem e com qual intuito. A princípio, temi ser uma bala perdida, mas só a princípio, pois ao passar a mão na testa e verificar que não estava sangrando, lembrei que já não estava no Rio de Janeiro onde me advertiram que as balas se perdem entre as pessoas. Na verdade, até que encontrei um Rio mais tranqüilo do que a minha Fortaleza, onde pipocam assaltos em muitos cruzamentos e sinais de todos os bairros, o dia inteiro. Deixemos a laranja de lado porque em São Paulo, bom mesmo foi encontrar amigas-irmãs para um almoço marcado no VERÍSSIMO, restaurante que tem como tema o Luis Fernando (Veríssimo), um dos meus escritores favoritos. O restaurante era interessantíssimo e o cardápio me sugeria um “Picadinho de Eliete”. Não pude me conter diante da oferta afinal, a minha ida a SAMPA tinha como finalidade maior visitar minha amiga-irmã Eliete que havia sofrido uma queda desastrada e passara dias imobilizada. A visita demorou tanto a sair que a própria Eliete foi me pegar para o almoço, já dirigindo o seu possante e levando além da Drirmã (Adriana), uma nova amiga para mim; a Beth, com quem venho mantendo contato frequentemente. Mais uma amiga na “terra da garoa”, onde já tenho a Vera que me acolhe, sempre e outras tantas que não consegui encontrar naquela cidade gigante.
De SAMPA parti pra Sertãozinho uma cidade linda da qual nunca ouvi falar antes do Vinicius, namorado da minha filha, cuja família me recebeu carinhosamente. Chegava aí o momento de abraçar uma sobrinha querida que tenho em Santa Rosa de Viterbo, cidade que eu acabei não conhecendo, pois o encontro com a Tatá deu-se mesmo em Sertãozinho.
Tatá é linda, loira e tímida, profundamente tímida; bem diferente daquela menina brincalhona que brinca com as palavras, transformando-as em rimas. A timidez, porém, não a impediu de me trazer um sorriso lindo e um abraço carregado de carinho.
Conhecer Poços de Caldas era um desejo antigo que a família do Vinicius, nascida lá, pode realizar. Percorrer os pontos turísticos com a Família Vieira Negretto e o comércio com a Sra. Negretto (Márcia) foi muito bom. Procurei aproveitar bem cada lugar e cada instante daquela viagem e daquela família tão receptiva. Meus novos amigos, Márcia e Rômulo nos deixaram em Piracicaba que é a cara da minha filha, Alynne e de seus estudos de Pós Graduação. Não sei se voltarei aquela cidade quando ela concluir o doutorado; a única certeza que trago comigo é a de que Piracicaba já faz parte da nossa história.
Deixei em “Piracity”, Alynne, minha grande companheira de viagem, e segui sozinha para São Paulo de onde peguei o avião até o Rio de Janeiro onde reencontrei os primos César, João e Ana Claudia que ficaram com a Lili enquanto eu tomei o outro rumo. Voltamos juntas pra Fortaleza num vôo que transcorreu rápido, com tantas histórias que tínhamos pra contar uma pra outra.
Trouxe comigo alguns sonhos não realizados, planos frustrados e a sensação de que podia ter ido muito mais além. Mesmo assim, consegui fazer uma linda colcha imaginária com os retalhos da viagem, que colhi aqui e ali.
Em Fortaleza o maridão e pai estava a nossa espera, ansioso e cheio de saudades. Voltamos, então pra casa onde podemos matar a saudade e dar prosseguimento a nossa história.