OS FRIOS
Interessante como o ambiente inóspito em certas ocasiões nos dá um frio na barriga e quando nos damos conta estamos passando por uma situação desagradável e muitas vezes constrangedora. Essa eventualidade pode ocorrer quando deparamos com uma pessoa que há muito não víamos e quando temos sobre ela algum apreço, ou então, ao contrário, não queremos vê-la nem pintada. Assim, esse frio subjetivo está associado a uma causa até certo ponto peculiar à nossa vida cotidiana, pois ocorre de uma forma constante.
Assim, esse friozinho que está sempre presente já nos ensina que essa sensação não é das melhores, embora em alguns casos esse arrepio pode até ser glorioso, quando se tratar de um encontro amoroso ou então de uma aventura que nos traga satisfação.
O importante disso tudo é que o frio nada mais é do que uma sensação que chega até nós; seja através das emoções ou através da descendência climática. É verdade que qualquer um desses frios mexe com a gente, pois são situações de exceção, pois não é a qualquer momento que estamos sentindo essa transformação de nosso sentimento.
Assim, não há dúvida de que qualquer pessoa pode sentir frio, seja o frio na espinha, ocasionado por um sentimento qualquer, ou o frio no corpo – no sentido objetivo. A primeira sensação não traz nenhum mal à pessoa humana, aliás, é até necessária, pois ajuda no nosso metabolismo ocasionando as emoções e os sentimentos que nos impulsionam para o lado ativo de nossa vida como ser humano. A segunda sensação é que preocupa, pois temos frio. Nosso corpo precisa de certo equilíbrio relacionado com a temperatura constante que é intrínseca à nossa natureza humana.
Essa segunda hipótese é que nos leva à reflexão, porque vivemos num país tropical e a estação do inverno é uma realidade, mas também passageira, ou seja, vem-e- vai como um passe de mágica, a não ser que a pessoa viva no sul do País, eis que naquela região o frio é mais intenso e mais constante nesta época do ano.
O fato é que o frio está relacionado com um lado sazonal de nossa vida, pois teoricamente é exclusivo de uma única estação do ano – o inverno - mas, em razão das alterações climáticas que se tem sentido nos últimos tempos em face de diversos fatores que não vale a pena detalharmos, temos deparado com essa mudança climática de uma maneira menos esperada, que vem a qualquer momento, eis que a cada ano temos sentido que o frio avança no tempo e se prolonga além da estação própria.
No Brasil, onde temos uma maioria quase absoluta de pessoas carentes e que não possuem condução própria para se deslocar para o trabalho, as pessoas sofrem muito nesta época, pois não é nada agradável ter de levantar no raiar do dia e sair à rua, ficar à espera de um coletivo e depois ainda sofrer todas as agruras do trajeto.
O frio também traz um acréscimo indesejável de doenças nas crianças, pois o organismo ainda em construção biológica e em preparação do sistema imunológico acaba sendo afetado no seu sistema respiratório, resultando por lotar os centros médicos, principalmente quando se trata do frio seco, pois nesses casos fica muito baixo o percentual de umidade relativa do ar e ocasiona sérias lesões nas pessoas que tem tendência às alergias em geral.
Em razão de todas essas conseqüências e principalmente levando em consideração o estado de pobreza de nossa população é que nós – pessoas que temos mais oportunidades, por termos um bom emprego etc – devemos sempre estar atentos às campanhas do agasalho e sempre deixarmos de sobreaviso os vestuários que não estão servindo mais, para nos integrarmos a essas campanhas, sempre com aquela presteza necessária para dar um pouco de calor ao corpo de quem não tem condições de possuir um bom agasalho ou um bom cobertor.
Só o fato de estarmos aquecendo alguém e o protegendo do frio, estaremos também aquecendo nosso coração com gestos de humanidade, dando aos mais necessitados as oportunidades necessárias para se defenderem das intempéries do tempo.