RAÍZES FAMILIARES E A ALEGRIA DE VIVER

(para Pontevedra Gallegos, em SP)

Que os meus poemas e prosas poéticas possam te fazer sempre bem... Este é o meu maior desejo como autor. Daqui nada se leva, a não ser a alegria de compartilhar. Não vi o teu perfil ainda, mas a curiosidade bateu: tu és natural de Pontevedra? Ou os teus ancestrais? Amo a Galícia e tenho forte desejo de conhecê-la.

Os meus vieram de Devonshire, Devon, sul da Inglaterra, declaração de nobiliarquia em 1615. John Monk ou Monck, primeiro duque de Albermaile (1608/1670) foi quem a instalou. Grande cabo de guerra. Derrubou Carlos I, da dinastia dos Stuarts, Inglaterra, e acompanhando Cromwell, foi lutar na Irlanda.

Depois, ele esteve recluso dois anos na Torre de Londres, por ordem do Parlamento. Era líder e muito teimoso. Fez as pazes com os donos do Poder e retirou-se da vida pública três anos antes de morrer.

A perda do título de nobreza se deu no século seguinte. O filho de John – que foi governador da Jamaica – não teve filho varão.

Já os que emigraram para o Brasil, em particular os que chegaram ao RS, eram lenhadores e aportaram em Pelotas/RS, em 1841, em meio à Grande Revolução da Província de São Pedro contra o Império (1835/1845).

Estabeleceram-se no lugar hoje chamado Represa dos “Sinotti”, que é a italianização cartorial de Sinott, uma das famílias dos clãs emigrados. Derrubaram e desmataram muito a região fazendo lenha para a primitiva industrialização do sebo, da banha e do charque.

Segundo a tradição oral eram sete famílias: os Ward, os Stone, os Anderson, os Laks ou Yacks, os Sinott e os Moncks. Teria mais uma que desapareceu por não haver descendência. E, como quase sempre ocorre com a história dos proletários, a memória pública os apagou.

Todos bebiam muito e iam à missa aos domingos. Mulherengos, contavam piadas, dançavam e cantavam. Pode ser que por todos estes registros, somados à alma brasileira dos “Santos”, de minha mãe, provenham atavicamente o amor ao irmão e a alegria de viver...

Sei que sou cantor de areias e nadas. Nasci à beira da Lagoa dos Patos, no RS. Moro no Litoral Sul de Santa Catarina, divisa com o Rio Grande. Não tenho medo da Senhora Morte. O meu gládio vingador é a Palavra em seu vestido de festa: a Poesia...

E terço armas – sem escudo e a qualquer hora – com a Injustiça Social.

– Do livro CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre e Prosa e a Poesia, 2006/2008.

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/1036678