COMERAM O BOTÃO DE NOÉ


Durante as aulas de Português, os alunos costumam ter dificuldades para entender três coisas: o que vem a ser “sujeito”, sua utilidade e seus tipos. Passei grande parte de minha vida ensinando Inglês (Eh desculpa boa para escapulir de cobranças referentes à última flor do Lácio! Rs,rs,rs...), mas forçando “Tico e Teco” a abrir as gavetinhas da memória da década de 60, encontro as seguintes informações sucintas: sujeitos são termos sobre os quais se declara algo; eles servem, principalmente, para gente fazer as concordâncias verbais corretas, Quanto à sua “tipologia” há os determinados (simples, compostos, ocultos, elípticos ou desinenciais, embora a NGB não registre esses três últimos termos), indeterminados e inexistentes.

Nosso título hoje, começa com um sujeito indeterminado: COMERAM... Quem comeu? Eles? Elas? Quem? Pois é, como o verbo está na terceira pessoa do plural, não é possível determinar exatamente quem foi.  

Aliás, semanticamente, tanto “comeram” quanto “botão” são palavras perigosas, porque pode-se comer algo no sentido de mastigar e engolir, ou naquele outro sentido, que se escrevo aqui vão me chamar de Dercy Gonçalves. Da mesma forma “botão” pode ser aquele negocinho que se prega no local onde existe uma casa ( Êpa! Aqui está outra palavra que tem mais de um sema), ou pode ser aquele lugar que a mesma Dercy adora mandar os outros tomar lá.

Não o intrigarei mais, meu leitor, e passo aos “fatos” para que você mesmo interprete.

O Departamento de Informática do Sistema de Ensino Unilinhares tem um cérebro brilhante que comanda outros tanto assim: Sérgio Noé. Além de sua inteligência, ele esbanja bom humor e amizade por quem gosta e admira (acho que não são muitas pessoas, mas penso que estou entre elas). Divirto-me muito quando em reuniões sociais ele “prova” todos os petiscos, frios e quentes, e solta algo assim: “Menina, já que não estou vendo balancinhas e comandas, vamos nessa!”  

É certo que sua sinceridade exacerbada já lhe valeu dissabores angustiantes. Uma delas foi com um juiz de direito, um “tampinha” (da altura dele mesmo) que se sentia o próprio Deus e não gostou nada quando a ligação do celular  de Noé “caiu” na sua cara. O tempo fechou à época, mas hoje é motivo de diversão para quem ouve a história.

Sorte não lhe falta, pois ele “ganhou” o coração de uma das meninas mais meigas, bonitas e competentes da instituição, a Dany, com quem passou o Dia dos Namorados na região montanhosa do Espírito Santo.

Aliás, muitos linharenses estiveram por lá, e entre eles estavam Anderson e Meire, João Adoris e Zete, e Whelligton e Regina, relatores das maravilhas do Aroso, do vinho, dos queijos, da música e do aconchego que desfrutaram (Eu mereço ter ficado!), mas há testemunhas de que realmente comeram o botão de Noé por lá.

Contaram-me que estavam encantados com a paisagem, quando Noé se engraçou com um papagaio, sem mesmo temer levar uma bicada. Pensa que isso aconteceu? Não! Ele é hábil, sangue bom e os bichos sentem isso. O louro de bom grado aceitou “dar o pé”, subir na mão, no antebraço, no braço e nas costas de Noé, onde, por fim, “plantou-lhe” uma borrada cuja consistência e tons amarelados, esverdeados e brancos (homenagem à Copa?) expressavam qual tinha sido a última refeição da ave: sementes de mamão e coquinho.

Não satisfeito, o primo do louro José resolveu subir na cabeça de nosso herói e arrancar o botão do chique boné que ela ganhara de Dany. Apesar de todos os esforços e falas “curupáticas” para ver se o bicho entendia que o objeto não lhe pertencia, não houve quem conseguisse convencê-lo a devolver. Talvez o ”botão” da ave tenha ficado dolorido ao expelir a sua “homenagem à bandeira nacional” seguinte; afinal esse “coquinho” é meio duro. Nunca saberemos!

De lá pra cá, o sossego foi embora e o louro passou a ser sujeito indeterminado, pois a gozação atual é: Comeram o botão de Noé!

Entendeu? Não? Ah, meu Deus!