O PERIGOSO LEILÃO ( Floresta Amazônica)
Gostei e repasso a vocês.
Quem dá mais? A pergunta leva à indagação seguinte: Trata-se de leilão à moda antiga, de uma leitoazinha ou um bezerro à porta das igrejas do interior, em alguma festividade religiosa, esperando com o dinheiro arrecadado ajudar as obras sociais ou os reparos no teto do templo?
Não se trata de nada disso, mas parece. É que o empresário sueco Johan Eliash, consultor do primeiro-ministro da Inglaterra, Gordon Brown, avalia a possibilidade de comprar toda a Floresta Amazônica por 50 bilhões de dólares. O consultor pretende estimular empresários britânicos a comprar ou fazer doações para aquisição de terras no Amazonas.
A Polícia Federal e a Agência Nacional de Inteligência investigam sobre a compra, já efetuada, de 160 mil hectares de terra no Amazonas e Mato Grosso por Gordon. Assim, em passe da mágica, o patrimônio natural brasileiro na região passou a objeto de todo tipo de conversa, de possíveis negociatas, inclusive a alienação de propriedades na bacia das almas.
Curioso sinal dos tempos! Durante séculos, conseguiu-se manter a idade territorial, preservando-a, a despeito da cobiça alheia. Somente agora, o Governo prepara disposições seguras para obstaculizar a compra de terras por empresas de capital estrangeiro.
Embora as regras valham nacionalmente, o alvo principal é a Amazônia, onde 55% da área está em nome de estrangeiros. Eles ali detêm 3,1 milhões de hectares, dos 5,5 milhões de todo o país. Rolf Hackbart, presidente do Incra, afirma: ‘É preciso estabelecer regras urgentes porque há uma disputa mundial pelas terras brasileiras‘. ‘Não é questão de xenofobia, mas de soberania‘.
Quem duvidaria desse interesse por uma das melhores, e mais ricas terras contínuas de todo o mundo? Esse avanço não é de agora, e os brasileiros agiram em defesa da Amazônia, quando da incorporação do Acre, entregue parcialmente ao grupo multinacional do Bolivian Sindicate.
Depois, os ingleses juntaram milhares de mudas da seringueiras e as levaram para suas possessões no Sul da Ásia. Perdemos a liderança na produção e exportação de borracha, simplesmente por não darmos muita importância ao que possuíamos e não temíamos os britânicos.
Os fatos vêm de longo tempo. Estamos pondo trava à porta depois de ininterruptos furtos e roubos, perpetrados e consumados por estrangeiros. Mas também por maus brasileiros, sem compromisso com o futuro e com a terra em que nasceram.
O caso do sr. Johan Eliash não é isolado, embora absurdo. O figuraço sueco, diretor de uma ONG, já comprou 160 mil hectares na Amazônia, área superior à cidade de São Paulo, embora sem nenhum pedacinho registrado em seu nome.
Seus negócios seriam feitos por meio de um fundo de investimentos que comprara terras de uma madeireira. E, enquanto usamos verbos no condicional, o fato frio, verdadeiro e grave é que o Brasil perde patrimônio.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), houve - entre maio de 2007 e abril de 2008 - um desmatamento de 9.495 km2, seis vezes o tamanho de São Paulo, capital. Só no último abril, destruíram-se 1.123 km2.
O novo ministro do Meio Ambiente considera os dados preocupantes e anuncia medidas para coibir a destruição de florestas na região, incluindo criação de batalhão de guarda florestal.
O ministro acha que não se deve dormir no ponto. O Brasil todo, o Brasil honesto, também acha.
Manoel Higino - Jornalista e escritor