Uma visita especial
INTRODUÇÃO
Nossa faculdade desenvolve com os quintoanistas um trabalho voluntário voltado a entidades beneficentes. Na região, foi pioneira ao incrementar o incentivo aos alunos, nos moldes de outras escolas. Hoje, a prática da visitação tornou-se freqüente entre as demais instituições de ensino.
As visitas, esporádicas, não cumprem o papel substancial de manter as entidades, que continuam na dependência financeira de colaboradores – fixos ou aleatórios. E o pouco contato não supre o essencial que as crianças precisam: uma família.
No primeiro semestre nosso foco é um orfanato e no segundo, um asilo de idosos.
1ª PARTE: O CONTATO COM OS PEQUENOS.
No dia marcado para a visitação não pude comparecer, em virtude de compromisso inadiável, já assumido.
Iria, hoje, com a aluna encarregada de entregar o restante do material ao orfanato. Não a vi desde a quinta feira, e pela manhã não consegui contatá-la.
A Faculdade Metodista também incentiva os alunos a visitarem instituições beneficentes, e a irmã de nossa colega Renata, a Raquel, precisava visitar uma entidade do gênero.
Dessa forma, participei do grupo formado pela Raquel e eu, além da Renata e seu noivo, Márcio, que pela segunda vez visitaram o lugar.
Quando da entrevista, percebemos crianças à nossa volta, movidas pela curiosidade. Elas, alegres, iniciaram conosco o contato, e percebemos que eram filhos dos funcionários.
A uma delas tomei pela mão e pedi que me guiasse pelo lugar.
Após algum tempo, bastante breve, uma interna tomou o seu lugar, aproximando-se. Passou, então, a me ciceronear.
Os pequenos tiraram, eles mesmos, fotografias do lugar e de nossa equipe.
Minha guia apresentou-me a sala dos computadores, o dormitório, o coberto para brinquedos, os banheiros, o refeitório, a cozinha, a sala de estudos, o play ground.
Fomos à horta e ela me exibiu os canteiros, onde estariam plantadas hortaliças. Ensinei-lhe o nome de algumas plantas e flores, como limpar a horta e mudar a cor das flores das hortências, de azul para cor de rosa.
Minha guia tem nove anos, é alta e desenvolta. Está na instituição há apenas um ano e trouxe consigo um irmão mais novo.
Corremos no gramado e brincamos, as duas, na gangorra.
Antes de irmos embora, como temesse não nos ver mais, aplicou-me uma peça:
- Qual o seu nome inteiro?
- Maria da Glória Perez.
- Promete, como Maria da Glória Perez, que vai voltar?
Eu prometi.
Meu marido perguntou-me se, uma vez prometido, eu teria que voltar. Será que poderia falhar à promessa assumida com ela?
De toda forma, ele também está envolvido na nossa missão. Contatou clientes e amigos para que enviem contribuições à entidade. Também está disposto a visitá-la e, se permitido, levar nossa pequena amiga a passear. Já é um primeiro passo.
Pouco antes da partida, fomos ao berçário. Os pequeninos dormem no período do meio-dia às duas horas da tarde.
Deixamos a Raquel e o Márcio com nossos amigos e fomos, eu e a Renata, ao berçário, acompanhadas de uma funcionária. Estava escuro e as crianças dormiam.
A porta ficou aberta e demorou um pouco para que nossos olhos se acostumassem à meia-luz. O ressonar das crianças era a única coisa que ouvíamos.
Aos poucos, vários pequenos berços se descortinaram à nossa volta. Caminhando de um por um, percebemos crianças pequenas, indefesas.
Na metade do trajeto ao fundo do quarto, uma pequena menina, de cachos em duas marias-chiquinhas, estava de pé, linda, esperando. Eu parei, ela disse, baixinho: “Quero fazer xixi”.
Esperava, em pé, pacientemente, que alguém viesse até ela.
Eu a tomei nos braços e depois a entreguei à funcionária que nos acompanhava. Continuamos. A impressão que se tem é a de um santuário, repleto de pequenos anjos.
Anjos dos quais não sabemos o destino que a vida lhes reserva. Anjos que esperam, pacientemente.
2ª PARTE: A INSTITUIÇÃO
A área
Ao subirmos a alameda, nos deparamos com a placa dedicada à memória de Vitor Y. Darkoubi, pela doação da área pelo seu filho, Cristian Darkoubi, em 01/05/1995.
Antes da destinação social, era o lugar uma chácara, utilizada para o lazer da família Darkoubi.
William
A fundação da entidade data de 1995, portanto, é bastante recente. Por esse motivo, não houve, até agora, a experiência de crianças guardadas até a maioridade, porque a mais velha, mantida sob abrigo, tinha dez anos quando adotada.
William era o mais velho da primeira turma. Veio para a instituição com apenas um ano de idade e foi adotado no final do ano passado (2007), com dez anos. Retorna regularmente, com a família, para participarem todos dos eventos. Através do contato renovado, podem assegurar que o garoto está bem e feliz com sua nova família.
Foi a criança que mais tempo ficou na instituição.
Novo quadro
Hoje, a entidade abriga quatorze crianças menores de três anos e nove de três a nove anos (nove anos e dez meses), totalizando 23 crianças abrigadas.
Houve época em que atenderam até 42 crianças. Tinham, então, três berçários.
Essa informação vem ao encontro do divulgado no site: “Atualmente são mais de 40 crianças, sendo que 110 já foram adotadas. Por princípio, não são adotadas crianças maiores de 5 anos”.
Atualmente, o quadro é diferente, em especial porque as crianças guardadas na primeira leva não foram enviadas a outra instituição: o pequeno William foi mantido até a idade de dez anos.
Os últimos a chegarem ao novo lar foram cinco irmãos.
Todos são matriculados na UBS (posto de atendimento médico) e são mantidas na instituição sob guarda judicial.
O estudo
Se não adotados até a idade adulta, freqüentarão a escola até os dezoito anos.
As duas crianças de três anos receberam a doação de bolsa de estudos de uma escola particular, pelo período de dois anos, renováveis.
Os menores estudam em uma escola da Prefeitura, e são sempre acompanhadas por um funcionário da instituição, no trajeto.
Não há a autorização para que as crianças passem finais de semana com estranhos. Dessa forma, o contato das crianças com terceiros passa-se na escola ou através de visitas agendadas, ou apenas no primeiro domingo de cada mês, quando são estas liberadas, pelo período de duas horas.
As instalações
O espaço é bastante amplo e agradável. Arborizado, com vistas à represa, possui instalações apropriadas (berçário, cozinha, banheiros, dormitórios, refeitório e sala de estudo separados por idade).
Contam, ainda, acesso a computadores e o auxílio de voluntário para aulas de informática.
Já tiveram aulas de inglês, mas a professora deixou de freqüentar o lugar.
As crianças contam, também, com o apoio psicológico, uma vez que a maioria deixou a família em decorrência da perda do poder familiar de seus pais.
Dessa forma, na medida do possível e contando com o esforço do voluntariado, proporcionam aos menores não apenas a comida e o abrigo.
Participaram as crianças, também, de excursões. Já foram ao Hopi Hari, a Tatuí e à praia.
A divulgação da instituição faz-se basicamente pela internet.
Raízes:
Cristian mora em Alphavile. Aqui era apenas uma chácara onde sua família passava finais de semana. Seu contato com o lugar não foi cortado com a destinação social. No aniversário de sua filha, contratou um ônibus para levar todas as crianças para a festa.
Não têm os menores assistência religiosa. No entanto, a diretoria da entidade tem influência kardecista.
Mais uma história:
Sônia é assistente social e também trabalha na instituição, desde a fundação. Ainda quando estavam em construção, bateu às portas e perguntou: - O que vai ser aqui?
Desde essa época, presta trabalho voluntário, fazendo o abrigamento e o desabrigamento, e mantém o registro de todas as crianças. Acompanha suas histórias desde o começo.
Colabora com seu trabalho, também voluntário, a assistente social Irani.
3ª PARTE: DIVULGAÇÃO
As informações que abaixo seguem foram colhidas no site www.cantinhomeimei.com.br, onde a instituição divulga o seu trabalho.
Orfanato "Cantinho da Mei Mei"
“A Associação Beneficente "Cantinho da Mei Mei", nasceu de um sonho de atender crianças órfãs. Foi um sonho de mais de vinte anos, diariamente acalentado pela sua idealizadora, Regina Meire Sangiovani.
Nesta árdua batalha, onde não foram poucas dificuldades, os amigos começaram a abraçar essa causa, e dez anos atrás foi doado o terreno onde atualmente encontra-se o orfanato.
Era um terreno cheio de entulhos, com uma casa que necessitava de muitos reparos, o que só fazia encorajar seus idealizadores. Mais cinco anos se passaram e os três berçários, foram construídos, recebendo as primeiras crianças com uma imensa alegria. Os primeiros foram inclusive cuidados pessoalmente pela Dona Regina, que se deslocava de sua casa, deixando seus afazeres para cuidar dia e noite das crianças.
Atualmente são mais de 40 crianças, sendo que 110 já foram adotadas. Por princípio, não são adotadas crianças maiores de 5 anos, o que não quer dizer que essas crianças que não tiverem a felicidade de terem um lar, deixem de serem cuidadas. Na eventualidade de não haver adoção elas deverão ficar até os dezoito anos. Todas as crianças adotadas são encaminhadas através de orgãos legais competentes.
São devidamente acompanhados a posteriori e na eventualidade dos pais adotivos necessitarem de aconselhamento, procuramos dar toda a atenção possível. O orfanato possui mais de 30 pessoas trabalhando, recebendo salários, e refeições diariamente. Além dessas trinta pessoas possuímos inúmeros voluntários que se doam literalmente de corpo e alma a dar um pouco de carinho e atenção a essas crianças tão necessitadas.
As crianças consomem mais de 7.000 fraldas, 600 litros de leite, frutas, 200 kg de arroz, 100 kg de feijão, 70 kg de carne, 50 kg de carne branca, 40 kg de peixe, só para citar alguns dos gêneros alimentícios que são necessários para sustento dessas crianças.
Atualmente são cerca de 300 sócios mantenedores, sem a qual não seria possível a manutenção do orfanato. São pessoas que acreditaram no nosso trabalho, e colaboram mensalmente com quantias fixas, de acordo com a sua possibilidade. Qualquer ajuda, é sempre bem vinda. Venha a participar dessa ajuda, seja como sócio mantenedor, voluntário ou com doações eventuais.
‘AS CRIANÇAS AGRADECEM’
Apesar de contarmos com poucos recursos, fazemos nosso trabalho com extrema alegria e dedicação.
Se você quer nos ajudar ou quer esclarecer qualquer aspecto de nosso trabalho junto as crianças de nosso orfanato, você pode entrar em contato usando nosso o formulário abaixo ou se preferir, agende uma visita.
Abrimos para visitantes todo primeiro domingo de cada mês, das 14 às 16 horas.”
“Contato
Rua Prof. Oswaldo Coneglian nº. 1
Jardim Icaraí (Riacho Grande)
Cep 09830-000
São Bernardo do Campo / SP”
contato@cantinhomeimei.com.br
Maria da Glória Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.
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